Magufuli está próximo da reeleição na Tanzânia
30 de outubro de 2020O Presidente da Tanzânia está prestes a ser declarado vencedor das eleições de quarta-feira (28.10) apesar das alegações de fraude da oposição e do ceticismo internacional em relação ao pleito.
Segundo a os dados divulgados pela comissão eleitoral na manhã desta sexta-feira (30.10), o Presidente John Magufuli tem 83% dos votos no momento em que 60% do total havia sido apurado.
O partido Chama Cha Mapinduzi ganhou 194 lugares no parlamento, enquanto os partidos da oposição ganharam apenas dois. Isso significa que dois dos principais partidos da oposição perderem assentos.
O partido no poder parece ter assegurado a maioria de dois terços no Parlamento, o que é necessário para alterar a Constituição.
Alguns receiam que o partido no poder utilize a ampla maioria no Parlamento para alterar a Constituição a fim de alargar o limite de dois mandatos presidenciais. Lideranças do Chama Cha Mapinduzi já apelaram para essa mudança.
Ceticismo nacional e internacional
O Governo dos Estados Unidos disse que "as [alegadas] irregularidades e a vitória com margem avassaladora levantam sérias dúvidas sobre a credibilidade dos resultados''.
O principal candidato presidencial da oposição, Tundu Lissu, do partido CHADEMA, que teria recebido 14% dos votos, rejeita o processo eleitoral e apela por protestos.
A oposição alega fraude generalizada - com votações duplas e bloqueios do acesso de milhares observadores às mesas de voto. Poucos observadores internacionais foram autorizados a estarem presentes ao pleito.
A comissão eleitoral negou as alegações de irregularidades. Magufuli lembra que a Tanzânia recebeu no seu Governo o estatuto de rendimento médio-baixo e isso seria uma das razões que o levaram a merecer outro mandato.
Por outro lado, observadores dizem que os ideais democráticos da Tanzânia diluíram-se nas atitudes de Magufuli, acusado de reprimir vozes dissidentes.
Reuniões políticas da oposição foram proibidos em 2016, ano seguinte a sua tomada de posse, e meios de comunicação social foram visados. Alguns candidatos foram presos, impedidos de fazerem campanha ou desclassificados antes da votação.
O medo da violência pós-eleitoral persiste. O candidato presidencial na região semiautónoma de Zanzibar, Seif Sharif Hamad, do principal partido da oposição, ACT Wazalendo, foi preso com nove outros membros, nesta quinta-feira pela segunda vez esta semana.
Outro funcionário do ACT Wazalendo em Zanzibar, Ismail Jussa, foi espancado por agentes de segurança e hospitalizado, disse o partido.