Terrorismo: Oposição responsabiliza Nyusi "por omissão"
16 de novembro de 2022O principal partido da oposição moçambicana (RENAMO) acusou, esta quarta-feira (16.11), o Presidente da República, Filipe Nyusi, de ser pessoalmente "responsável por omissão" pela violência armada em Cabo Delgado.
"Quanto a nós, não restam dúvidas de que o Presidente da República deve ser responsabilizado por omissão, por não ter tomado em tempo útil a decisão de recorrer à ajuda internacional", afirmou, no parlamento, Elias Dhlakama, deputado da RENAMO.
O deputado acusou o chefe de Estado de ter optado por "arrastar com a barriga" a decisão sobre o recurso ao auxílio internacional, tomando-a só quando a situação saiu do controlo das forças governamentais.
"O Governo permitiu que parte do território de Moçambique ficasse fora das mãos do Estado" e esta situação revelou "o cúmulo da incompetência", disse Elias Dhlakama, apelando a uma investigação para apuramento de responsabilidades na forma como o combate ao terrorismo tem sido conduzido.
Também a bancada parlamentar do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro maior partido, acusou o Governo de incapacidade no combate ao terrorismo.
"O povo de Cabo Delgado está exausto, não tolera mais o sofrimento" provocado por "um quadro de desconcerto e caos ao nível da política de defesa", afirmou o deputado do MDM Silvério Ronguane.
Ronguane lamentou que, apesar de a segurança ter sido restaurada nas zonas com presença de forças estrangeiras, a violência tenha avançado para áreas que antes tinham sido poupadas.
"Combate ao terrorismo está a ser um sucesso", diz FRELIMO
Noutro tom, a bancada da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido no poder, apontou avanços militares nas zonas antes flageladas pela violência armada.
"O combate ao terrorismo está a ser um sucesso", declarou a deputada Ana Chapo.
Chapo repetiu a posição do Governo de que a população deslocada de distritos mais atingidos pela violência está a regressar e os serviços públicos estão a ser restaurados, como resultado das derrotas que os insurgentes estão a sofrer.
A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada promovida por rebeldes, com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde há um ano com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.