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Três anos de Filipe Nyusi entre críticas e elogios

Manuel David (Lichinga)
15 de janeiro de 2018

Filipe Nyusi completa esta segunda-feira três anos do seu mandato. Cidadãos ouvidos pela DW África no Niassa dão nota positiva ao Presidente moçambicano. Mas também há críticas à falta de políticas para a juventude.

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Foto: picture-alliance/dpa/A. Silva

Os avanços com vista a um acordo de paz com a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o principal partido da oposição, e a estabilidade no país são dois dos pontos positivos destacados na governação de Filipe Nyusi. Na última sexta-feira (12.01), numa cerimónia no Comando da Unidade de Intervenção Rápida, o Presidente moçambicano disse que o pacote sobre a descentralização e os assuntos militares nas negociações de paz está em fase de conclusão, mas não avançou detalhes.

"Sinto que o Presidente fez muita coisa, sobretudo a aproximação com o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, e isso é muito importante para nós", afirma Alberto Weston, residente no Niassa, que avalia positivamente as negociações para um acordo de paz definitivo do Governo com o maior partido da oposição. "Quando temos paz, andamos como um pássaro a voar", lembra.

Suizane Rafael, jornalista do jornal Faísca, semanário independente no Niassa, destaca que os três anos de governação de Filipe Nyusi foram caracterizados pela concretização de vários projetos.

Mosambik - Suizane Rafael
Numa escala de 0 a 10, o jornalista Suizane Rafael dá 6 a Filipe NyusiFoto: DW/M. David

Se tivesse de dar uma nota ao Presidente, numa escala de 0 a 10, o jornalista daria 6, "porque no primeiro ano foi quase nada", teve de gerir muitas questões do Governo anterior. "Mas a partir do segundo ano, começou a mostrar o seu plano de governação, as promessas que foram feitas durante a campanha eleitoral".

Suizane Rafael lembra ainda que Nyusi concluiu a reabilitação da linha férrea Cuamba-Lichinga - depois de sete anos de paralisação, os comboios voltaram a circular em setembro de 2016. E também lançou o projeto de asfaltagem da EN13, a estrada nacional que liga as cidades de Cuamba e Lichinga, uma velha promessa do Executivo, "que já está a acontecer", salienta o jornalista.

Faltam políticas para a juventude

Fernando Lopes, outro residente no Niassa, recorda que a promessa de valorização da juventude, entre outras feitas por Filipe Nyusi, ainda não está a ser cumprida. "E a partidarização das instituições públicas ainda se nota, porque ainda não existe liberdade partidária", destaca também.

Três anos de Filipe Nyusi entre críticas e elogios

Para o académico Luís Ausse, os três anos de governação de Filipe Nyusi foram de "muito empenho". Mas desafia o Presidente da República a melhorar as condições dos funcionários públicos do Estado nos dois anos de mandato que lhe restam.

"Há uma ligeira letargia, há estagnação nas mudanças de carreira e promoções", observa.

Desde 2016, o Presidente da República viu-se obrigado a gerir a polémica das chamadas dívidas ocultas, no valor de dois mil milhões de dólares, que dificultaram ainda mais a situação económica do país. Moçambique continua sem a ajuda dos doadores internacionais, mas, sublinha Suizane Rafael, o país não parou graças ao desempenho e vontade do chefe de Estado.

"Já não são dívidas ocultas, já são visíveis, o que afetou muito a imagem do país a nível internacional. Alguns credores internacionais pararam de dar dinheiro a Moçambique, mas o país está a andar, não caímos completamente", afirma.

Os residentes do Niassa também apelam ao Presidente Filipe Nyusi para que prossiga a luta contra a corrupção, para desencorajar a prática no país.