Ucrânia: PR alemão acusa Putin de estilhaçar "Europa em paz"
8 de maio de 2022"Hoje, neste 8 de maio, o sonho de uma casa europeia comum em paz foi despedaçado; em seu lugar foi imposto o pesadelo", disse este domingo o Presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, num evento da Confederação dos Sindicatos Alemães (DGB, na sigla em alemão), por ocasião do 77.º aniversário da Capitulação do Terceiro Reich.
A guerra de agressão desencadeada por Putin "destrói a ordem pacífica europeia alcançada e mantida desde o final da Segunda Guerra Mundial", acrescentou Steinmeier.
A intervenção de Steinmeier abriu as cerimónias do aniversário da derrota do nazismo pelos aliados marcados pela guerra na Ucrânia e nos quais o chanceler alemão, Olaf Scholz, dirigirá uma mensagem aos seus concidadãos à noite via televisão.
Por ocasião da comemoração do aniversário da capitulação nazista, as autoridades alemãs reforçaram as medidas de segurança. Entre hoje e segunda-feira estão previstos cerca de 50 atos públicos, alguns organizados por grupos pró-Rússia e da extrema-direita.
Visita a Kiev
Acrescenta-se aos atos na Alemanha a visita a Kiev da presidente do Parlamento (Bundestag), a social-democrata Bärbel Bas, na qualidade de segunda representante máxima do país, depois de Steinmeier.
A deslocação de Bas é a primeira de uma importante figura política alemã à Ucrânia desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro.
A viagem segue-se à conversa realizada na passada quinta-feira entre Steinmeier e o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, visando resolver divergências bilaterais.
Putin parabeniza ex-repúblicas soviéticas
Por seu turno, o Presidente russo Vladimir Putin felicitou este domingo os líderes das ex-repúblicas soviéticas e os separatistas apoiados pelo Kremlin que operam na região leste da Ucrânia conhecida como Donbass, no 77º aniversário do fim da II Guerra Mundial.
O PR russo ignorou os aliados ocidentais da antiga União Soviética que derrotaram a Alemanha Nazi, como os Estados Unidos, bem como os Governos considerados hostis a Moscovo, como a Ucrânia e a Geórgia.
Uma mensagem publicada hoje no website do Kremlin dizia: "Hoje é um dever comum impedir o renascimento do nazismo, que trouxe tanto sofrimento à população de vários países".
A Rússia afirma que a sua invasão da Ucrânia a 24 de fevereiro é um esforço de "desnazificação". Em resposta, o Presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy comparou a guerra da Rússia à invasão da União Soviética pela Wehrmacht (Forças Armadas da Alemanha Nazi) em 1941.
Putin promete "tal como em 1945, a vitória será nossa"
Na véspera do Dia da Vitória em Moscovo, Vladimir Putin prometeu que "tal como em 1945, a vitória será nossa".
O Dia da Vitória marca a rendição da Alemanha Nazi aos Aliados durante a II Guerra Mundial. A Rússia prepara-se para comemorar o feriado nesta segunda-feira (09.05).
"Hoje, os nossos soldados, como seus antepassados, lutam lado a lado para libertar a sua terra natal dos nazi com a confiança de que, tal como em 1945, a vitória será nossa", disse Putin.
Numa entrevista à DW, o cientista político e professor da Universidade de Innsbruck Gerhard Mangott classificou como "absurda" a opinião de que as forças russas estavam a combater os nazis na Ucrânia.
"[Putin] costurou de perto estas duas guerras, a Grande Guerra Patriótica e a guerra na Ucrânia, e veremos mais disso amanhã", disse Mangott, referindo-se ao discurso que Putin fará esta segunda-feira, Dia da Vitória. "Ele apelará efetivamente aos cidadãos russos para mostrarem unidade, para mostrarem determinação, para se manterem juntos, para se manterem unidos nesta luta de hoje contra os nazis, tal como os russos a veem, o que, claro, é totalmente absurdo".
Invasão russa
Na Ucrânia, a invasão russa provocou já a morte de mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, das quais mais de 5,5 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.