Vacina para crianças moçambicanas deverá prevenir pneumonia
10 de abril de 2013A vacina, que vai passar a estar nas prateleiras das unidades de saúde de Moçambique a partir desta quarta-feira (10.04), será administrada a bebés com menos de um ano e passa a fazer parte do calendário de vacinação de rotina.
É um dia importante para Onei Uetela, especialista em imunização da UNICEF Moçambique, um dos parceiros do Ministério da Saúde moçambicano que ajudou a introduzir a vacina. "A pneumonia é um drama em Moçambique. E é por isso que não se podia adiar mais esta intervenção", constatou o representante da agência das Nações Unidas para a Infância, em entrevista à DW África.
Segundo a UNICEF, morrem por ano 10 mil crianças vítimas de pneumonia, em Moçambique. Esta é uma das doenças mais mortíferas para os menores de cinco anos, juntamente com a malária e a diarreia.
Moçambique reúne vários fatores de risco para pneumonia em crianças
São várias as razões que deixam as crianças particularmente vulneráveis à pneumonia: quando sofrem de desnutrição ou foram infectadas com o vírus da SIDA. Quando são expostas a fumos perigosos de carvão ou da lenha ou vivem em espaços lotados, onde a doença se espalha rapidamente.
Segundo Onei Uetela, todos estes são factores de risco e todos eles se verificam em Moçambique. Por isso mesmo, a introdução desta nova vacina é uma excelente notícia, diz o especialista da UNICEF. "Muito embora seja difícil atacarmos qualquer um desses factores de forma radical, se nós garantirmos que a criança moçambicana está imunizada contra a pneumonia através da utilização desta vacina, então poderemos evitar que a criança moçambicana venha a desenvolver pneumonia e a morrer por ela, contribuindo para uma redução drástica da mortalidade infantil", afirmou Uetela.
Avanços na redução da mortalidade infantil
A UNICEF espera, por isso, que ao introduzir esta vacina pneumocócica, Moçambique dê agora um passo à frente e fique mais perto de cumprir o objectivo de desenvolvimento do milénio de reduzir em dois terços a taxa de mortalidade infantil até 2015.
Segundo Uetela, até agora o país tem feito avanços consideráveis. Desde 1997, Moçambique conseguiu reduzir a mortalidade infantil de menores de cinco anos para metade.
Mas ainda é preciso fazer mais, exortou o especialista da UNICEF: "Um dos grandes calcanhares de Aquiles que nós temos ainda é a qualidade de serviço que tem de ser melhorada, a rede sanitária que ainda não é tão abrangente como deveria ser e, especificamente, o número de postos fixos de vacinação no país ainda não é satisfatório", enumerou, sublinhando que é preciso fazer "vários esforços" para garantir que a vacina que chega ao país seja mantida em óptimas condições até ao momento em que ela vai ser aplicada no braço ou na coxa da criança.
Para o ano que vem, prevê-se a introdução de uma outra vacina, contra o rotavírus, a principal causa da diarreia. "Então, realmente introduzindo a vacina contra a pneumonia e contra a diarreia, realmente são dois grandes passos, passos importantíssimos para a redução da mortalidade de crianças menores de cinco anos", explicou Uetela.