Vitória da oposição em eleições municipais em Moçambique
8 de dezembro de 2011É, pelo menos, essa a opinião do maior partido da oposição, a Renamo, que se apressou a congratular o MDM, considerando que a eleição de Manuel de Araújo, de 40 anos, é um “rastilho” para a saída da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) do poder. Enquanto o candidato do MDM ganhou as intercalares de quarta-feira (7.12) no município de Quelimane, a quarta cidade de Moçambique, as projeções dos órgãos de comunicação social dão a vitória dos da Frelimo em Pemba e Cuamba.
“A alternância de poder é possível”
Mas também observadores independentes saúdam a vitória do MDM, como “sinal de abertura política em Moçambique”, nas palavras de Sultan Mussa, Coordenador de Programa da Fundação alemã Konrad Adenauer, em Maputo. Em declarações que prestou à Deutsche Welle, Mussa salientou tratar-se da prova que em Moçambique é “possível haver uma alternância de poder”. Agora é preciso aguardar as eleições autárquicas de 2013 e 2014.
Admitindo que a renúncia de uma candidatura em Quelimane da Frelimo, o segundo maior partido da oposição, poderá ter beneficiado o MDM, Mussa realçou a atratividade que de Manuel de Araújo exerceu sobre os eleitores: “É um candidato muito jovem, e foi eleito maioritariamente pelos jovens”.
Irregularidades ensombram as eleições
Cerca de 300 000 eleitores foram às urnas nos três municípios, cujos presidentes tinham abandonado os cargos antes do fim do mandato, em 2013, por motivos diversos. Na quarta maior cidade do país, Quelimane, havia cerca de 134 mil votantes, 87 mil na capital provincial de Cabo Delgado, e 47 mil em Cuamba, a segunda maior cidade do Niassa.
Em Quelimane concorreram um candidato da Frelimo e outro do MDM. Aqui, registaram-se, no entanto, alguns problemas nos cadernos eleitorais que causaram constrangimento. Sultan Mussa, da Fundação Konrad Adenauer, enumera esses problemas: “Temos notícias de intimidações por parte da polícia, cadernos eleitorais paralelos e houve registos paralelos de eleitores em Cuamba”.
O voto conta
Egídio Morais, da Comissão Provincial de Eleições, confere, mas ressalva: “Quando tomámos conhecimento da situação mandámos regularizar com as nossas equipas de supervisão”.
O observador independente, Mussa, confirma que, de um modo geral, o escrutínio “correu bem”. Graças a um acumular de experiências eleitorais, os cidadãos moçambicanos “começam a ter mais confiança neles próprios” e nas suas capacidades de influenciar as estruturas do poder.
Autor: Ezequiel Mavota (Maputo)/Carla Fernandes/Agenturen
Edição: Cristina Krippahl/António Rocha