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Volkswagen instala fábrica no Ruanda

Susanne Maria Krauß
21 de janeiro de 2018

A empresa alemã Volkswagen (VW) é a primeira fabricante automóvel internacional a investir no Ruanda. Os primeiros carros são esperados em maio. No futuro, a VW planeia também fabricar carros elétricos no país.

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USA Volkswagen auf der Detroit Auto Show
Foto: picture-alliance/dpa/U. Deck

Se tudo correr de acordo com o planeado, o primeiro carro "made in Ruanda” poderá estar nas ruas já em maio, segundo a gigante automóvel alemã. Depois da África do Sul, da Nigéria e do Quénia, o Ruanda é o quarto país africano em que a Volkswagen investe.

"Acho que viemos para o sítio certo”, diz Thomas Schäfer, director executivo da VW na África do Sul. "A atenção, o foco e a vontade existem para implementar isto”.

Schäfer diz-se impressionado com o apoio do Governo ruandês, desde o início do processo - a assinatura da carta de intenções, em dezembro de 2016. O diretor da VW destaca a luta anti-corrupção do Executivo e a população mais jovem do Ruanda, com fortes ligações à tecnologia. O ambiente favorável de negócios é uma das razões para o Ruanda ser considerado um dos "favoritos do Ocidente”, apesar do défice democrático.

O futuro é elétrico

Tal como a fábrica queniana, inaugurada nos finais de 2016, a VW planeia apenas montar os automóveis no Ruanda. As partes serão importadas de uma fábrica da África do Sul. Na primeira fase de produção, que terá a duração de um ano, a VW espera montar mil carros, que incluirão os modelos Polo, Passat e SUV.

Ruanda PK Eröffnung des VW-Werks
Clare Akamanzi e Thomas Schäfer na conferência de imprensa sobre a abertura da Volkswagen no RuandaFoto: DW/S. Krauß

A fabricante automóvel planeia criar entre 500 a mil postos de trabalho e investir 16 mihlões de euros. Para o Ruanda, esta é uma decisão importante.

"O investimento anunciado pela Volkswagen é extremamente importante para o país”, diz Clare Akamanzi, presidente da Comissão estatal de Desenvolvimento do Ruanda.

"Mostra que uma empresa global como a VW pode encontrar negócios vitais no país. Em primeiro lugar, começar a montar automóveis no Ruanda – que é algo que nunca foi feito aqui – e, em segundo, que pode ajudar a resolver o nosso problema dos transportes”, explica.

A Volkswagen não planeia apenas vender carros no Ruanda, quer também vender mobilidade. Schäfer sabe que apenas uma pequena parte da população poderá comprar carros novos. Por isso, planeia introduzir viaturas para alugar e carsharing – aluguer por um curto período de tempo, sem fidelização ou mensalidade fixa – na capital, Kigali. Os serviços estarão disponíveis através de uma aplicação para telemóvel.

De acordo com os planos da VW, o Ruanda poderá também ver em breve nas suas estradas os primeiros carros elétricos. "Em países em desenvolvimento como o Ruanda, muitas vezes saltamos alguns passos”, diz Schäfer. "Vamos começar com aquilo que já anunciámos, mas claro que já estamos a olhar para a próxima fase e acho que isto seria fácil de implementar num país como o Ruanda e uma cidade como Kigali”.

O Ruanda tem uma boa rede de estradas e, dadas as pequenas dimensões, instalar postos de carga em todo o país não deverá ser um problema. E o Ruanda parece muito aberto às ideias de Schäfer. O país quer tornar-se um exemplo na proteção ambiental e sustentabilidade no continente.

O cobalto é a chave

Demokratische Republik Kongo Kinderarbeit in Kobaltminen
Crianças trabalham numa mina de cobalto na RDCFoto: picture-alliance/dpa/T. Coombes

Os carros elétricos simbolizam também uma grande mudança na própria Volkswagen. A fabricante automóvel planeia investir 34 mil milhões de euros no desenvolvimento destas viaturas nos próximos cinco anos. E espera tornar-se líder no fabrico de carros elétricos até 2025.

Para isso, a empresa precisa de um componente essencial: cobalto. E as maiores reservas do metal raro estão no vizinho do Ruanda, a República Democrática do Congo (RDC), que produz 60% do cobalto do mundo.

Em 2016, os fabricantes automóveis sentiram a pressão, depois de a Amnistia Internacional ter visitado minas na RDC e regressado com relatórios preocupantes. "Os mineiros estão a extrair cobalto com ferramentas muito rudimentares e sem proteção. Os buracos que escavam ultrapassam muitas vezes os 30 metros previstos na lei, chegando a atingir os 70 metros. Não têm apoios. Estas pessoas estão a trabalhar em condições muito perigosas onde os desabamentos e as mortes são frequentes”, diz Lauren Armistead, da organização de defesa dos direitos humanos.

As baterias para os carros elétricos exigem muito mais cobalto do que, por exemplo, os telemóveis. Para Armistead, isto significa que um fabricante como a Volkswagen tem de assumir a sua responsabilidade. "Se querem tornar-se líderes na produção de carros elétricos, têm de se tornar líderes em termos de práticas de extração de cobalto”, considera. "É realmente primordial que a revolução dos veículos elétricos não se construa às custas de crianças e adultos em condições perigosas na RDC”.

Embora os carros elétricos sejam uma realidade ainda distante no Ruanda, o cobalto já é um componente central para os planos da VW. No entanto, Schäfer nega que o investimento da empresa esteja relacionado com a proximidade da RDC.