Vítimas das cheias em Moçambique enfrentam roubos
21 de janeiro de 2015Nos centros de acolhimento, há relatos de roubos não só de alimentos mas também do pouco que as famílias conseguiram resgatar de suas casas. A Polícia da República de Moçambique (PRM) na Zambézia, no centro do país, entretanto, reforçou a segurança nestes locais.
"Temos lá as nossas forças, nas suas diferentes especialidades, para fazer face a esta situação", confirmou à DW África a porta-voz do Comando Provincial da PRM na Zambézia, Elcídia Filipe, sem especificar o número de polícias enviados para os centros de apoio às vítimas das inundações.
Há centros espalhados por quase toda a província, principalmente nos distritos gravemente assolados pelas enxurradas: Maganja da Costa, Mocuba, Nicoadala e Gurué.
Nos centros de reassentamento, muitas pessoas queixam-se de roubos constantes de bens. Segundo Elcídia Filipe, o contingente policial destacado para os distritos afectados pelas cheias tem como missão zelar pela segurança das populações. "Os nossos homens estão lá a proteger os bens e os locais, de forma a manter a ordem pública", salienta.
Vias bloqueadas
Na sequência das chuvas que caem fortemente na Zambézia, várias vias de acesso estão completamente bloqueadas.
Neste momento, a distribuição de medicamentos e o envio de enfermeiros para os centros de reassentamento onde a situação é mais crítica é feita por via aérea.
Passageiros que pretendem deslocar-se ao distrito de Gurué ou à província de Nampula a partir de Quelimane, passando via Mocuba, têm de atravessar o rio Licungo de canoa, o que torna mais elevado o custo dos transportes.
Várias companhias e transportadoras decidiram na semana passada extinguir a Rota Quelimane para distritos da zona norte do país. "Há filas para atravessar o rio e as canoas não chegam para toda a população. Agora estamos parados", conta o responsável de uma transportadora.
Sem eletricidade
A cidade de Mocuba, a segunda maior da Zambézia, está já há duas semanas sem energia eléctrica na sequência de destruição das torres da Eletricidade de Moçambique (EDM), as mesmas que alimentam a corrente daquela cidade e uma parte de Nampula.
Entretanto, segundo informou a EDM, o fornecimento regular de energia nas regiões afetadas por inundações no centro e no norte de Moçambique poderá demorar mais de 15 dias.
A queda de dez postes de alta tensão no distrito de Mocuba, devido ao transbordo do rio Licungo, está a afetar o fornecimento de energia à zona norte da província da Zambézia (centro), assim como às províncias de Nampula, Cabo Delgado e Niassa, atingindo cerca de 350 mil habitações.