Zuckerberg: "Foi erro meu e peço desculpa"
11 de abril de 2018O fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, esteve esta terça-feira (10.04) no Congresso norte-americano para prestar declarações sobre o escândalo que envolve a Cambridge Analytica, uma empresa que está a ser acusada de usar sem consentimento a informação de 87 milhões de utilizadores a favor da campanha eleitoral de Donald Trump.
Na primeira de duas audiências onde Zuckerberg marcará presença, 44 dos 100 senadores que integram o Congresso quiseram questionar o empresário.
"Sr. Zuckerberg, estaria confortável em partilhar connosco o nome do hotel onde ficará esta noite? E partilharia connosco o nome das pessoas com quem trocou mensagens esta semana?", perguntou o senador democrata Dick Durbin.
Às questões de foro pessoal colocadas ao fundador do Facebook, os senadores responderam com uma gargalhada. Já Zuckerberg disse que não só não partilharia este tipo de informação, como concorda que "todos devemos ter controlo sobre a forma como a informação que partilhamos é utilizada".
No Capitólio, o jovem de 33 anos assumiu-se culpado pelo uso indevido da informação dos utilizadores da sua rede social. E admitiu não ter informado o Governo dos Estados Unidos da América sobre a recolha de dados da Cambridge Analytica em 2015, mesmo depois de saber da sua existência.
"Não tomámos medidas suficientes perante as nossas responsabilidades e foi um grande erro. Foi um erro meu e peço desculpa. Eu criei o Facebook e sou responsável pelo que lá acontece", disse Mark Zuckerberg.
Da Rússia às notícias falsas
A presença de Mark Zuckerberg no Senado norte-americano tinha como foco o escândalo da Cambridge Analytica. No entanto, o fundador do Facebook acabou por ser bombardeado com questões de toda a natureza. As consequências que os dados recolhidos podem ter em eleições de todo o mundo foi um dos temas abordados.
Zuckerberg disse que o Facebook está a colaborar na investigação ao suposto envolvimento da Rússia nas eleições presidenciais de 2016. E garantiu que "a coisa mais importante com que estou preocupado agora é ter a certeza que ninguém irá interferir nas várias eleições que terão lugar em 2018 em todo o mundo".
Em cima da mesa estiveram também as práticas levadas a cabo pelo Facebook para impedir a partilha de discursos de ódio ou as chamadas "fake news" (notícias falsas). Zuckerberg admitiu as falhas da rede social neste campo, mas disse estar a investir em ferramentas de Inteligência Artificial para garantir a segurança da informação.
Mark Zuckerberg garantiu ainda que o Facebook não tem acesso aos dados dos utilizadores do WhatsApp. E voltou a negar o uso dos áudios das chamadas telefónicas dos utilizadores.
No exterior do Capitólio juntaram-se vários cidadãos que quiserem demonstrar o seu descontentamento para com a situação.
Nell Greenberg, do grupo ativista Avaaz, que organizou o protesto, disse que "o mar de notícias falsas divulgadas no Facebook nos últimos anos está a ameaçar a democracia"
"Ele fala sobre conectar pessoas à volta do mundo, no entanto, neste momento o Facebook está a dividir as pessoas. É a altura de Zuckerberg mostrar ao mundo que vai fazer reformas na rede social", afirmou Greenberg.