Inquérito a alegada corrupção na administração Zuma
21 de agosto de 2018A comissão que investigará as acusações de ilegalidades que pesam sobre o antigo Presidente sul-africano, Jacob Zuma, e altos funcionários do Estado, na concessão de contratos públicos, começou a trabalhar esta segunda-feira (20.08).
Na abertura das audiências, o juiz Raymond Zondo lamentou os atrasos causados pelo que disse ser a falta de cooperação de alguns funcionários do Estado em disponibilizar documentos para o inquérito. No entanto, referiu que não autorizará mais adiamentos.
"Esta comissão é uma oportunidade para todos nós de contribuir para encontrar uma solução para a corrupção e a captura do Estado", afirmou o magistrado.
Influência de família Gupta?
A comissão de inquérito foi instaurada depois da Provedora de Justiça, Thuli Madonsela, divulgar em 2016 um relatório, intitulado "Captura do Estado", em que acusava Jacob Zuma de permitir que três irmãos da família de empresários Gupta passassem a ter "praticamente sob o seu controlo as estruturas públicas sul-africanas", incluindo ministérios e agências governamentais.
O principal advogado da comissão, Paul Prestorius, deixou claro que a comissão não poupará o antigo Presidente, nem nenhum dos membros do seu Governo. Todos eles serão obrigados a depor.
"No cerne das investigações estará a seguinte questão: Pessoas de fora do Governo influenciaram ou não o Presidente, o Governo ou decisores de empresas públicas nas suas decisões, para obterem lucros fáceis e ilegais para a família Gupta ou qualquer outra família?"
Outros casos
Os escândalos de corrupção na África do Sul fizeram com que o partido de Jacob Zuma, o Congresso Nacional Africano (ANC, no poder), o forçasse a renunciar à Presidência em fevereiro passado. Segundo a agência de notícias EFE, Zuma tentou bloquear a investigação poucas semanas antes da sua renúncia, mas uma decisão judicial obrigou o Governo a nomear uma comissão oficial de inquérito sobre as acusações.
Zondo anunciou que a comissão começará a chamar testemunhas, para depor. A investigação pode durar até dois anos.
Estas não são as únicas acusações contra Jacob Zuma. O ex-Presidente sul-africano é também acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e fraude relacionadas com um acordo de armas no valor de um milhão de dólares (874 mil euros), assinado no final dos anos 1990. Em 2016, a Justiça obrigou-o ainda a devolver meio milhão de euros de dinheiro do Estado gasto em obras na sua residência privada.