Na encruzilhada
5 de maio de 2010Diante da forte oposição interna contra o pacote de ajuda financeira à Grécia, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, deixou clara sua visão sobre o cenário atual.
"A Europa está numa encruzilhada e não deve ter ilusões sobre a gravidade da sua situação", declarou nesta quarta-feira (05/05) no Bundestag, câmara baixa do parlamento alemão.
O discurso de Merkel antecede a votação da lei sobre o crédito de 22,4 bilhões de euros concedido a Atenas, agendada para a próxima sexta-feira. Com caráter de recomendação, a comissão orçamentária do Bundestag já aprovou na quarta-feira o projeto de lei apresentado pelo Gabinete Federal. A maioria foi alcançada pelos partidos do governo – União Democrata Cristã (CDU) e Partido Liberal Democrático (FDP). Social-democratas (SPD) e verdes se abstiveram, os especialistas em orçamento de A Esquerda votaram contra.
Futuro ameaçado
Na opinião da chanceler federal, se o plano de resgate grego não funcionar, os demais países europeus terão o mesmo fim. "Trata-se, nada mais, nada menos, do que do futuro da Europa e, portanto, da Alemanha na Europa", alertou.
Para Merkel, uma das lições da crise grega seria a necessidade de rever o Pacto de Estabilidade. Ela sugeriu ainda que aqueles que violarem o pacto que liga os países da zona do euro sejam mais duramente punidos – por exemplo, com o corte de fundos europeus e a retirada temporária do direito de voto.
Merkel pediu que todos os políticos alemães assumam a responsabilidade diante da situação. "Hoje, os olhos da Europa estão voltados para a Alemanha. Sem nós ou contra nós nenhuma decisão será tomada.
Forte oposição
Frank-Walter Steinmeier, líder de bancada da oposição social-democrata, foi duro nas críticas: "Nenhum governo alemão conseguiu desperdiçar tanto respeito e confiança em tão pouco tempo quanto a senhora. Onde estava a liderança? Onde estava a gestão de crise, Senhora Merkel? Nós não vimos nada".
Steinmeier não deixou claro se sua bancada votará a favor do pacote de ajuda proposto pelo governo alemão. O chefe da bancada verde, Jürgen Trittin, ressaltou que a longa hesitação da chanceler federal custou muito dinheiro à Alemanha, à Europa e à Grécia.
NP/dpa/lusa/rts
Revisão: Augusto Valente