"A voz da Escócia será ouvida mais alto do que nunca"
9 de maio de 2015"Minha mensagem hoje para Westminster é esta: a voz da Escócia será agora ouvida no Parlamento mais alto do que nunca", disse a líder do Partido Nacionalista Escocês (SNP), Nicola Sturgeon, neste sábado (09/05). O seu partido venceu 56 dos 59 assentos escoceses na Câmara dos Comuns nas eleições gerais do Reino Unido. "Eu disse ao primeiro-ministro ontem, que ele simplesmente não pode achar que lidará os negócios em Westminster de forma habitual quando se tratar de Escócia", afirmou Sturgeon.
O Partido Conservador do premiê David Cameron conquistou uma surpreendente maioria absoluta no Parlamento britânico, mas ganhou apenas uma cadeira na Escócia. 319 dos 331 assentos vencidos pelos conservadores estão na Inglaterra.
O partido independentista escocês ganhou 56 dos 59 assentos com uma campanha prometendo defender a Escócia em Westminster e acabar com os cortes de gastos impostos pelo ministro das Finanças de Cameron, George Osborne, que manterá seu cargo.
"O povo da Escócia votou na quinta-feira [dia da eleição] pelo manifesto do SNP que tem o fim da austeridade como sua prioridade número um", disse Sturgeon, acrescentando que o partido não irá decepcionar os eleitores.
Em setembro, a maioria da população escocesa votou contra a independência do país num referendo. No entanto, a campanha do SNP conseguiu convencer muitos escoceses, até mesmo alguns que não haviam apoiado a independência da Escócia, mas que agora querem ser representados pelos independentistas no Parlamento.
Futuro incerto no Reino Unido
Sturgeon não mencionou a independência em seu discurso após o sucesso nacional do SNP. No entanto, Alex Salmond, o ex-chefe do SNP e recém-eleito deputado, disse a repórteres que ele "absolutamente" iria ver a independência da Escócia em sua vida.
Após a inesperada vitória, Cameron prometeu manter o Reino Unido junto, devolvendo mais poderes à Escócia – incluindo novos poderes sobre a tributação – e sendo justo com a Inglaterra ao mesmo tempo. A Inglaterra não possui um governo regional semelhante aos da Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte.
O prefeito de Londres, Boris Johnson, que aspira liderar os conservadores, inclusive pleiteou que o Reino Unido adote uma estrutura federalista.
Em suas edições deste sábado, muitos editoriais de jornais britânicos expressaram preocupações sobre Cameron ser, possivelmente, o último líder de um verdadeiro Reino Unido. O The Independent escreveu que a eleição "deixa a perspectiva duvidosa de que o Reino Unido continue sendo uma peça nas próximas eleições gerais em 2020". Já o Daily Telegraph argumentou que "o maior problema que Cameron enfrenta é o futuro da União."
PV/rtr/ap