Airbus anuncia novos planos para o A350
18 de julho de 2006Próximo ao início de sua produção industrial, previsto para os "próximos meses", a Airbus anunciou que os custos de produção do novo jato de médio porte A350, lançado em 2005 em resposta ao Boeing 787, podem mais do que duplicar, chegando a 7,9 bilhões de euros.
O anúncio foi feito por Thomas Enders, co-presidente da agência aeroespacial européia EADS, ao qual pertence a Airbus. Originalmente, o custo de produção havia sido avaliado em 3,2 bilhões de euros.
Chefe alemão admite que erro vem de anos
Em entrevista a um jornal alemão, Enders falou sobre a atual crise do grupo e explicou os motivos. Ele admitiu que os erros na construção do superjumbo A380 vêm de anos. "Cometemos erros na construção do A380 e precisamos de mais tempo para trabalhar no sistema elétrico", disse ao tablóide Bild.
Segundo ele, os problemas com o A380 ocorreram basicamente na fábrica de Hamburgo, onde é instalado o sistema elétrico da cabine de passageiros. No entanto, acrescentou que a planta de Hamburgo é "apenas um elo da cadeia de produção" e que ele não quer culpar ninguém.
O chocante anúncio, feito no mês passado, de que haveria atraso na entrega do megajato causou uma crise de liderança na EADS, que resultou na saída do ex-co-presidente Noel Forgeard, substituído pelo francês Louis Gallois.
Segundo Enders, a Airbus entregará em 2007 nove unidades do A380, a maior aeronave comercial do mundo, embora ele não possa prometer que não haverá atrasos, "mesmo com a maior boa vontade do mundo". "Temos dificuldades em encontrar mão-de-obra suficientemente qualificada e temos mais de dois mil aviões encomendados para os próximos anos", explicou.
Reconstruindo confiança
Gallois reconheceu que a EADS precisa reconstruir confiança após a recente crise administrativa causada pelos atrasos. "Transparência e confiança são nossas prioridades. Temos que recuperar a confiança de nossos acionistas", disse Gallois em Farnborough.
Gallois substituiu Noel Forgeard, que foi pressionado a se demitir desde a revelação de que ele vendera ações da EADS estimadas em milhões de euros cerca de 3 meses antes do grupo anunciar atrasos na entrega do A380 em junho.
No início do mês, o francês Christian Streiff foi nomeado chefe-executivo da Airbus, em substituição ao alemão Gustav Humbert, que igualmente renunciou. No total, os atrasos custaram uma queda de 5,5 bilhões de euros no valor de mercado para a EADS, que detém 80% da Airbus.
Nos próximos meses, a EADS pode estar diante de um novo choque financeiro em razão do aumento de gastos no A350 e das quantias que terá de pagar a seus clientes pelo atraso do A380, que só decolará em 2007.
Além disso, a empresa também poderia ser obrigada a pagar 2,75 bilhões de euros pelos 20% da Airbus que são controlados pela BAE Systems. Eventualmente, a EADS poderá adquirir a parte pertencente ao grupo britãnico.
Segundo Enders, a crise administrativa está encerrada. Mas acrescentou: "Sem dúvida, a reputação da companhia foi afetada, assim como a confiança de nossos clientes e investidores. O projeto que causou esta crise, o A380, precisa ser consertado".
Novo projeto
O A350, que em seu design atual pode transportar de 250 a 300 passageiros, está sendo revisado de modo a tornar-se maior e mais econômico em combustível.
Enquanto isso, sua principal concorrente, a norte-americana Boeing, está ganhando a corrida no mercado com o jato 787, econômico em combustível e de tamanho médio.
Streiff disse que buscará a aprovação dos acionistas para começar em outubro a produção do A350, que trará a sigla XWB adiciona ao nome e terá sua capacidade aumentada para entre 270 e 350 assentos.
"XWB significa extra wide body (corpo extra largo) para mais espaço, mais conforto, mais eficiência e mais milhas para nossos clientes", disse em tom publicitário.