Alemanha aproxima-se de emergentes
8 de fevereiro de 2012O governo alemão quer intensificar as relações com países emergentes, como Brasil, China e Índia. Por sugestão do ministro do Exterior, Guido Westerwelle, o gabinete ministerial aprovou nesta quarta-feira (08/02) diretrizes de política externa para lidar com "novas potências em formação".
Os planos incluem o estabelecimento de parcerias, nos campos de energia e matérias-primas, por exemplo, e também em todos os outros âmbitos, como direitos humanos. "O mundo está passando por uma mudança radical, e nós também temos que nos ajustar a ela", disse Westerwelle. Não se trata de colocar antigas amizades em questão, mas sim de reagir à transformação global, explicou o ministro.
Para Westerwelle, a globalização deveria ser conduzida por regras, o que em parte já mostrou funcionar no caso da regulação do mercado financeiro. Regras para o comércio mundial seriam uma questão de eficiência econômica e estabilidade política.
Países-alvo
O novo conceito desenvolvido pelo Ministério alemão das Relações Exteriores foi batizado de "Configurar a globalização – ampliar parcerias – compartilhar responsabilidades". Um dos alvos, mas não o único, são os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), com os quais as relações já são férteis. Mas a Alemanha pretende também se aproximar de países como Vietnã, Colômbia e Nigéria, que se tornam cada vez mais influentes e receberam pouca atenção até agora.
Segundo Westerwelle, as economias em expansão desses países significariam novas oportunidades de exportação para a Alemanha. "A ascensão de um não significa a queda de outro", alerta o ministro.
Países em foco por conta de massivas violações aos direitos humanos – como o Cazaquistão, rico em matérias-primas – também estão nos planos alemães. Para a Alemanha, progressos significativos nas questões de direitos humanos só poderiam, porém, ser alcançados com base no "respeito mútuo".
Novos negócios
Além do governo, as empresas alemãs também estão de olho em mercados emergentes. Apesar da crise da dívida e do fraco crescimento, espera-se que as exportações alemãs aumentem em 2012, de acordo com a pesquisa "Going International", realizada recentemente pela Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK, na sigla em alemão).
Segundo o estudo, em 2011, 91% das 3.200 empresas consultadas venderam mercadorias alemãs pelo mundo, e dois terços das companhias pretendem ampliar suas atividades no exterior nos próximos anos. Para os entrevistados, as melhores perspectivas de negócios estão nos países do BRICS.
De olho na Ásia
Os empresários alemães também estão especialmente atentos ao crescimento econômico asiático. A região é o segundo mercado mais importante para a Alemanha. "Além da China, há muitos mercados na Ásia que, com um crescimento sólido e um bom ambiente de negócios, podem se destacar, e ali se estabelecem as empresas alemãs", disse à Deutsche Welle Ilja Nothnagel, da DIHK.
Também o Sudeste Asiático torna-se cada vez mais atraente para companhias alemãs. Enquanto se espera que a conjuntura mundial desacelere em 2012, Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia, Cingapura e Vietnã continuarão crescendo. E segundo a DIHK, os produtos "Made in Germany" seguirão requisitados por ali.
"Com o desenvolvimento econômico na Ásia e também na América Latina, há mais pessoas com poder aquisitivo que querem comprar produtos de alta qualidade. E com isso se beneficiam empresas alemãs", afirma Nothnagel. "Os mercados em expansão dos países emergentes precisam modernizar sua economia e, para isso, necessitam também de máquinas e equipamentos da Alemanha", completa.
Incentivos adicionais aos exportadores alemães poderiam vir de uma série de acordos de livre comércio – atualmente em negociação com alguns países emergentes e que poderiam levar à redução de impostos e novos investimentos.
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Revisão: Carlos Albuquerque