1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Annan busca solução imediata para o Chipre

lk10 de fevereiro de 2004

A divisão do Chipre pode chegar ao fim após 30 anos de conflitos, se Kofi Annan conseguir convencer os líderes dos dois grupos populacionais de seu plano de reunificação da ilha.

https://p.dw.com/p/4f2U
Aumenta o número dos que desejam a reunificaçãoFoto: AP

Se depender da Organização das Nações Unidas (ONU), o Chipre poderá integrar a União Européia a partir de 1º de maio não apenas como um torso representado pela parte grega da ilha, mas sim como uma república federativa constituída por dois cantões autônomos — um turco e um grego.

A fim de deliberar sobre o futuro da ilha mediterrânea, o secretário-geral Kofi Annan recebe nesta terça-feira (10/02), em Nova York, Rauf Denktasch, líder da população turca, e Tassos Papadopoulos, o presidente greco-cipriota.

Após fracassar em sua primeira investida, em maio de 2003, Annan tenta mais uma vez conquistar a anuência dos dois líderes populacionais para seu plano de reunificação do Chipre. O tempo urge: segundo o cronograma da ONU, a população das duas partes da ilha deveria pronunciar-se a esse respeito em plebiscito a ser realizado a 21 de abril.

Mínimos detalhes

— Nenhuma questão de importância foi deixada de lado no plano elaborado pela ONU, o qual estabelece minuciosamente desde como deve transcorrer a retirada dos soldados turcos até a indenização dos deslocados. Está prevista até mesmo a existência de três bandeiras e três hinos: para cada um dos cantões, que deverão manter suas identidades, e para o Estado federado, que representará a nova república para fora, portanto também junto à União Européia.

Mesmo que não concorde com o plano em todos os seus detalhes, o lado grego o aceita como base para as negociações. Rauf Denktasch, porém, resiste. Aos 80 anos, ele continua sonhando com a constituição de um Estado turco reconhecido no Chipre e não se cansa de advertir que a repressão dos cipriotas turcos antes da invasão da ilha por tropas da Turquia em 1974 é um fato que pode se repetir.

Mudança de parâmetros na Turquia

— Até há pouco tempo, a posição defendida por Denktasch era a mesma dos diferentes governos que passaram por em Ancara. Nesse meio tempo, porém, muita coisa mudou.

Por um lado, aumenta entre a população turco-cipriota o número daqueles que veriam com bons olhos a reunificação. O ingresso na União Européia traria vantagens econômicas também para a parte turca da ilha, que se encontra internacionalmente isolada. Nas últimas eleições parlamentares, no Chipre do Norte, em dezembro, as forças pró-reunificação conseguiram impor-se pela primeira vez aos partidários de Denktasch e elegeram Mehmet Ali Talat primeiro-ministro.

Por outro lado, e isto é o que mais pesa, aumenta a pressão de Ancara. Ao contrário dos governos turcos anteriores, o atual, do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, está interessado numa solução do conflito no Chipre. Como nenhum outro chefe de governo antes dele, Erdogan empenha-se por reformas em seu país e pelo início mais rápido possível de negociações entre Ancara e Bruxelas para o ingresso da Turquia na comunidade. A União Européia quer tomar uma decisão a este respeito no final do ano. Uma solução da questão do Chipre poderia aumentar as chances da Turquia.