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Arena da Amazônia pronta para a Copa do Mundo

Roberto Crescenti31 de março de 2014

Atrasos, mortes de operários e acusações de que será um "elefante branco" marcaram a construção da Arena da Amazônia. Apesar de problemas, estádio foi inaugurado com sucesso e aguarda a festa das quatro partidas da Copa.

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Foto: picture-alliance/AP

Após quatro anos de obras, atrasos, ameaças da Fifa e acusações de se tratar de um "elefante branco", a Arena da Amazônia foi inaugurada no dia 9 de março último, com a presença de mais de 20 mil espectadores. A partida inaugural foi um empate de 2 a 2 entre a equipe local, o Nacional, contra o Remo, do Pará, válida pela Copa Verde, uma competição que inclui clubes de 11 estados brasileiros.

O ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, demonstrou entusiasmo após o primeiro jogo no estádio, cuja forma é inspirada no artesanato de palha indígena da região amazonense. "É algo espetacular para a Amazônia e para o Brasil", ressaltou o ministro. Ele exaltou a importância de incluir a região no maior evento do futebol mundial, mesmo não haja grande tradição entre as equipes locais de futebol.

A construção do estádio foi alvo de questionamentos pelo fato de Manaus não ter nenhum clube na elite do futebol brasileiro. Os críticos dizem que a recém-inaugurada Arena deverá se tornar um "elefante branco", após receber quatro partidas da fase de abertura da Copa.

Em entrevista à DW, o ministro Rebelo rebateu as acusações,. "Tradição é ter clubes antigos, marcas conhecidas? O maior clássico do futebol amazonense, entre Nacional e Rio Negro, completou 100 anos em 2013", defendeu.

Acordo cumprido

Até a inauguração, 97% do estádio haviam sido concluídos. Na estreia, a imprensa destacou alguns problemas como assentos ainda manchados de cimento e falhas no sistema de ar condicionado. As autoridades encarregadas admitiram que houve falhas.

"Tivemos vários problemas que ainda temos corrigir", lamentou o coordenador da Copa do Mundo em Manaus, Miguel Capobiango. "Houve vazamentos nos camarotes e alguns aparelhos de ar condicionado não funcionaram."

No entanto, o governador do Amazonas, Omar Aziz, insistiu que se tratam apenas de detalhes que devem ser melhorados. "Cumprimos o acordo com a Fifa", afirmou.

Mortes de operários

Durante a construção da Arena, três operários perderam a vida. Dois deles caíram de alturas de 5 e 35 metros e um terceiro teve um infarto durante o trabalho. Os incidentes resultaram na paralisação temporária das obras e geraram temores de que os prazos apertados e a pressão externa pela conclusão do estádio levassem a menores cuidados com a segurança dos trabalhadores.

A ONG Repórter Brasil acompanha e torna públicas situações que ferem direitos trabalhistas. O coordenador-geral da ONG, Leonardo Sakamoto, que acompanha e torna públicas situações que ferem direitos trabalhistas, alertou para os riscos do ritmo acelerado das obras.

"À medida que chega o prazo para entrega de determinada obra, aumenta o estresse ao qual são submetidos os trabalhadores em todo o país. Você obriga o pessoal a trabalhar de forma concentrada para entregar essa demanda", avalia.

A construtora Andrade Gutierrez lamentou o ocorrido em Manaus e disse manter o "compromisso assumido com a segurança de todos os funcionários".

Projeto alemão

O projeto da Arena da Amazônia ficou a cargo do escritório de arquitetura GMP, de Hamburgo. Os arquitetos encontraram uma solução que combina as condições do clima do local e considera a tradição indígena. "Em princípio, a ideia para o estádio era, obviamente, a conexão com a floresta tropical", explicou Maike Carslen do GMP.

Quanto aos argumentos que põem em dúvida o sentido de se construir um estádio caro em uma cidade que sequer tem times de futebol de destaque – e que sediará apenas quatro jogos da Copa – o arquiteto Burkhard Pick da GMP afirma que "essa discussão de por que gastar tanto dinheiro em um estádio sobre o qual não se está 100% certo de seu uso no futuro implica também para nós uma grande responsabilidade".

Pick ressalta a necessidade de se investir em melhorias nos arredores da cidade e em infraestrutura, como transporte públicos e ruas. Mas ressalta, porém, que "haverá mais turismo na cidade. As pessoas não virão apenas visitar a Ópera, mas também o estádio."

Sustentabilidade

A concepção da Arena da Amazônia levou em consideração algumas questões de sustentabilidade, como o armazenamento de água da chuva para ser utilizada nos banheiros ou na irrigação dos gramados.

O estádio é equipado para absorver e utilizar a energia solar. Além disso, paredes vegetais devem reduzir os gastos e contribuir para o controle da temperatura dentro do estádio.

No total, a Arena Amazônia terá 42.377 lugares, restaurantes, estacionamento subterrâneo e deverá ter acesso por meio de um corredor de ônibus e monotrilho. Ela receberá quatro jogos de primeira fase da Copa do Mundo da Fifa, e deverá, posteriormente, abrigar shows e eventos.

Os jogos a serem realizados na Arena da Amazônia são: Inglaterra x Itália (14/06), Camarões x Croácia (18/06), EUA x Portugal (22/06) e Honduras e Suíça (25/06).