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Artistas lançam campanha contra extremistas de direita

4 de dezembro de 2018

Coletivo artístico lança plataforma na internet para identificar pessoas que participaram de protestos violentos e supostamente perseguiram estrangeiros em Chemnitz. Objetivo é "desnazificar" a Alemanha, afirma.

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"Onde trabalham esses idiotas?", pergunta o portal do Centro de Beleza Política (ZPS) que pede que pessoas identifiquem militantes ultradireitistas
"Onde trabalham esses idiotas?", questiona o portal do Centro de Beleza Política (ZPS)Foto: Zentrum für politische Schönheit

Um grupo de artistas alemães convocou a população a identificar publicamente militantes de extrema direita que participaram neste ano de violentos protestos contra migrantes na cidade de Chemnitz, no leste da Alemanha.

A chamada Comissão Especial Chemnitz (Soko Chemnitz), criada pelo coletivo de artistas Centro de Beleza Política (Zentrum für Politische Schönheit, ZPS) oferece dinheiro a quem revelar a identidade e os locais de trabalho dos 7 mil manifestantes ultradireitistas a partir de fotografias disponibilizadas em sua plataforma na internet, inaugurada nesta segunda-feira (03/12).

"O objetivo: registrar sistematicamente o extremismo de direita de 2018, identificá-lo e neutralizá-lo", diz o portal de internet do grupo. "Denuncie hoje seus colegas de trabalho, vizinhos ou conhecidos e receba dinheiro imediatamente. Nos ajude a remover esse alemães problemáticos de nossa economia e dos órgãos públicos." O coletivo defende que empresas e empregadores devem ser informados de que existem extremistas entre seus funcionários.

Em agosto, grupos de extrema direita e membros do partido populista de direita Alternativa pra a Alemanha (AfD) se dirigiram em grande número a Chemnitz, no estado da Saxônia, após três requerentes de asilo serem acusados de assassinar um homem alemão a facadas. Alguns manifestantes foram vistos fazendo a saudação nazista, enquanto outros atacaram pessoas nas ruas, supostamente estrangeiras.

O ZPS afirma que as fotos publicadas em seu website foram obtidas de fontes públicas, como perfis no Facebook de pessoas que, segundo afirmam, participaram dos protestos em Chemnitz. Segundo o portal de internet do grupo, já foram recebidas mais de 3 mil denúncias.

O coletivo de artistas afirma que se essas pessoas quiserem suas fotos removidas do portal, terão de afirmar por escrito seu comprometimento com os valores democráticos da Alemanha.

O líder do ZPS, Philipp Ruch, defendeu a iniciativa ao afirmar que as pessoas não devem deixar o combate ao extremismo de direita somente para os políticos e a polícia.

"Após os protestos anticonstitucionais em Chemnitz, o debate nesse país girou em torno da legislação migratória, em vez de medidas drásticas contra o extremismo de direita", observou, afirmando que chegou a hora de uma "desnazificação" da Alemanha.

A campanha gerou preocupações com a privacidade das pessoas que se tornaram alvos das denúncias. Autoridades de proteção de dados em Berlim afirmaram que estão examinando o caso. A polícia de Chemnitz afirmou ter recebido uma queixa criminal contra o coletivo de artistas.

O ZPS chamou atenção no ano passado ao erguer uma réplica do Memorial do Holocausto de Berlim ao lado da residência do parlamentar da AfD Björn Höcke. O líder da sigla no estado da Turíngia é tido como o rosto da ala mais radical do partido.

No início de 2017, Höcke havia qualificado o monumento aos judeus mortos sob o nazismo como o "memorial da vergonha" e pediu uma "mudança de 180 graus" nas tradições alemãs de relembrar o passado nazista.

RC/dw/epd

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