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Mais coordenação

Agências (rr)8 de outubro de 2008

Seis bancos centrais, entre eles o europeu, reduziram taxas de juros em ação histórica. Crise leva UE a criar comissão de supervisão de mercados transnacionais. FMI critica medidas isoladas e cobra ações coordenadas.

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Presidente do BCE, Jean-Claude TrichetFoto: AP

Em uma ação inesperada, o Banco Central Europeu (BCE), o Federal Reserve americano e os bancos centrais do Reino Unido, Suíça, Suécia e Canadá reduziram suas taxas de juros nesta quarta-feira (08/10). Pela primeira vez, também o banco central chinês participou de uma ação internacional coordenada.

Para o BCE, a redução de 4,25% para 3,75% foi a primeira em mais de cinco anos. A última ação conjunta entre o BCE e o Fed se deu pela última vez após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. "Tivemos que agir decididamente diante do recente aumento das turbulências no mercado financeiro", disse o presidente do Banco Central alemão, Axel Weber, que poucos meses atrás ainda defendia o aumento dos juros para conter a inflação.

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, afirmou ser esta uma "medida para aumentar a confiança e estabilizar a economia real". Também o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o norte-americano, George W. Bush, elogiaram a decisão.

UE cria comissão

O presidente da Comissão Européia, o português José Manuel Barroso, nomeou também nesta quarta-feira o francês Jacques de Larosière, para presidir uma comissão de alto nível incumbida de avaliar a forma de aprimorar a supervisão transnacional dos mercados financeiros do bloco a longo prazo. Ele foi diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) de 1978 a 1987 e do Banco Central francês de 1987 a 1993.

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FMI cobra coordenação internacionalFoto: AP

Segundo Barroso, tal comissão apresentará já nas próximas duas semanas duas importantes propostas de lei para conter os impactos da crise mundial. Barroso disse também que a crise "mostra de novo o motivo por que a Europa precisa do Tratado de Lisboa", rejeitado pela Irlanda. Segundo ele, isso permitiria à Europa ter "uma voz clara sobre a situação internacional".

FMI reduz prognóstico para Alemanha

Segundo novo prognóstico divulgado nesta quarta-feira pelo FMI em Washington, a crise freará o crescimento da economia alemã. O país deverá crescer apenas 1,8% em 2008 e estagnar completamente em 2009, quando se registrará crescimento econômico nulo. Ainda em julho, o FMI havia previsto um crescimento econômico de 2% para 2008 e de 1% para 2009.

Ainda segundo o instituto, a Zona do Euro deverá crescer 0,2% e os EUA, apenas 0,1%. Uma "recuperação contida" será sentida apenas no ano que vem, uma vez que atualmente a situação é "excepcionalmente incerta", com muitas economias desenvolvidas em recessão ou à beira da mesma.

Críticas a medidas individuais

Segundo cálculos do FMI, serão necessários investimentos da ordem de 675 bilhões de dólares ao longo dos próximos cinco anos para permitir a recuperação do mercado mundial. A maior parte desta verba será proveniente de injeções por parte dos bancos centrais.

No entanto, a entidade alerta que só uma ação coordenada entre países desenvolvidos e os principais emergentes poderá resgatar a estabilidade financeira, e que o tempo de governos nacionais tomarem medidas individuais já passou. Isso se deve ao alto grau de interligação entre os mercados financeiros, especialmente na Europa.

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Juros baixos devem conter queda de bolsas européiasFoto: AP

Especialistas do fundo criticam as garantias integrais anunciadas, por exemplo, pela Alemanha e pela Irlanda, por serem não apenas isoladas, mas também apressadas. Para o FMI, teria sido melhor, num primeiro momento, apenas elevar o total garantido, apelando para a garantia integral pelo Estado apenas em uma situação muito extrema, que ainda não é o caso e que pode ser evitada através de ações coordenadas.

Essenciais seriam não apenas medidas para combater a crise, mas também para o período posterior, aprimorando as estratégias de gerenciamento e prevenção de crises, e gerando mais transparência para bancos e outros agentes do mercado financeiro, a fim de tornar os riscos mais claros e calculáveis.