Reflexos da crise
7 de outubro de 2008A crise financeira começa a apresentar reflexos na indústria automobilística alemã. Nesta terça-feira (07/10), Opel, Daimler, Ford e BMW anunciaram que irão diminuir sua produção por causa do recuo da demanda por automóveis. Demissões não estão previstas, segundo as montadoras.
A Opel vai suspender a produção por três semanas na sua unidade de Eisenach a partir da segunda-feira que vem. Em Eisenach trabalham 1,8 mil pessoas. A unidade de Bochum, que emprega 5 mil pessoas, está parada desde a semana passada e deve retomar a produção na próxima segunda-feira.
Segundo o porta-voz Andreas Krömer, até o final do ano deixarão de ser produzidos 40 mil veículos na Alemanha. No ano passado, a Opel vendeu 1,74 milhão de automóveis na Europa, segundo números divulgados pela própria montadora, subsidiária da General Motors.
"Estamos sentindo as consequências da crise financeira", disse Krömer. "As pessoas seguram o dinheiro e não compram carros." As vendas estão em queda principalmente na Espanha, no Reino Unido e na Alemanha.
Além das unidades alemãs, a Opel também reduzirá sua produção em Gliwice (Polônia), Ellesmere Port e Luton (Inglaterra) e Saragoça (Espanha).
Daimler, BMW, Ford e VW
Também a Daimler vai reduzir a produção. "De um modo geral, é nosso objetivo manter a produção num nível reduzido", disse o porta-voz da empresa, Florian Martens. Segundo ele, a decisão afeta a produção de carros na Alemanha e na fábrica de Tuscaloosa, nos Estados Unidos.
Na maior unidade alemã da Mercedes, em Sindelfingen, as férias de Natal começarão bem mais cedo este ano. A produção vai parar já em 17 de dezembro e ainda não tem data para recomeçar em janeiro. A Ford vai diminuir a produção em Saarlouis e já dispensou 204 trabalhadores temporários, segundo a empresa.
A BMW vai reduzir sua produção em Leipzig, voltada principalmente para o mercado dos Estados Unidos. A fábrica vai parar por quatro dias no final de outubro e 2,8 mil carros deixarão de ser fabricados, disse um porta-voz. Em toda a Europa, 40 mil carros deixarão de ser produzidos.
A intenção da empresa é transferir parte da sua produção para a China ou a Rússia. Segundo um porta-voz da BMW, a produção deverá ser cada vez mais determinada pela demanda. Os mercados mais problemáticos são os dos Estados Unidos, da Itália e do Reino Unido.
Já a Volkswagen não planeja diminuir sua produção. Um porta-voz do grupo disse nesta terça-feira em Wolfsburg que a empresa até agora conseguiu resistir com sucesso às dificuldades de mercado. "Dispomos de muitas possibilidades de flexibilização para adequarmos nossa produção", assinalou.
Duas empresas do grupo, no entanto, anunciaram a interrupção da produção. A Seat quer fabricar 13 mil veículos a menos, para isso vai parar a produção em três unidades por uma semana. Também a Skoda vai frear a produção na República Tcheca.
Somente a Porsche e a Audi continuam produzindo normalmente porque, segundo seus porta-vozes, há demanda.