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Escolha inesperada

4 de janeiro de 2012

Escolha do diretório do Banco Central Europeu surpreende por quebrar sequência de alemães no cargo. De perfil equilibrado e conciliador, Praet põe fim à contenda entre França e Alemanha, que concorriam pelo posto.

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Praet conta com a simpatia dos principais bancos do mundo
Praet conta com a simpatia dos principais bancos do mundoFoto: picture-alliance/dpa

O ano começa com uma grande surpresa no Banco Central Europeu (BCE). Escolhido pelo diretório da instituição nesta terça-feira (03/01), o belga Peter Praet, de 62 anos, é o novo economista-chefe do BCE. Ele vai suceder a Jürgen Stark, que deixou o cargo em protesto contra a política de empréstimos implementada pelo banco.

A escolha de Praet não era esperada e traz uma quebra na sequência de alemães no posto do banco desde a sua criação, em 1998. A nomeação do belga frustrou as grandes expectativas do atual secretário de Finanças do BCE, o alemão Jörg Asmussen. Também estava no páreo o francês Benoit Coeuré.

Praet conta com a simpatia dos chefes dos principais bancos do mundo e é considerado um especialista em supervisão e estabilidade de finanças. Sua política monetária é tida como equilibrada, e se orienta mais na direção de crescimento econômico do que no combate à inflação. Praet nasceu e foi criado na Alemanha, mas estudou e fez carreira na Bélgica. Exatamente por este perfil ele acabou sendo considerado o candidato ideal para conciliação entre Alemanha e França.

Asmussen agora se contenta com cargo no diretório
Asmussen agora se contenta com cargo no diretórioFoto: dapd

Evitar conflito

Com a nomeação de Peter Praet, o presidente do BCE, Mario Draghi, evita uma disputa entre franceses e alemães, já que os posicionamentos político-econômico de Asmussen e de Coeuré são totalmente distintos.

Do ponto de vista do Banco Central Alemão, a orientação de Coeuré apresentaria o seguinte problema: ele não defende a cultura da estabilidade, tão marcada na política alemã, mas se apresenta como mais pragmático, que não hesitaria em tomar medidas não ortodoxas. Sendo assim, acredita-se que ele seria a favor da compra de títulos da dívida de países seriamente ameaçados pela crise – estratégia considerada controversa, especialmente pela Alemanha.

Rechaçado para o prestigiado cargo de economista-chefe, o carreirista Jörg Asmussen sofre uma espécie de retrocesso, ainda que agora ele passe a fazer parte do diretório do banco. Em sua nova missão na instituição europeia, o economista passará a tratar das relações europeias e internacionais da instituição e vai dirigir o departamento jurídico.

Em entrevista ao jornal Bild, o alemão de 45 anos disse estar "satisfeito" com a escolha dos colegas. Já o francês Coeuré será responsável pelas operações de mercado, em um departamento que cuida das relações financeiras do BCE – e, com isso, também da compra de títulos.

Autor: Henrik Böhme (msb)
Revisão: Roselaine Wandscheer