Crise do euro
21 de dezembro de 2011Os bancos da zona do euro receberam do Banco Central Europeu (BC), nesta quarta-feira (21/11), empréstimos de quase meio trilhão de euros graças à nova linha de crédito com condições muito favoráveis lançada pela entidade.
O primeiro dos dois leilões de liquidez de três anos previstos liberou 489,2 bilhões de euros a 523 bancos no continente. O montante ficou bem acima dos 300 bilhões esperados pela maioria dos analistas.
Este é o maior valor de crédito solicitado pelos bancos num único leilão, de acordo com o BCE. Os novos empréstimos com vencimento em 2014 e a uma taxa de juros atual de 1% (indexada à taxa básica da instituição) visam melhorar a liquidez dos bancos europeus que, em tempos de crise, emprestam cada vez menos dinheiro entre si.
O presidente do BCE, Mario Draghi, havia anunciado a medida há duas semanas. É a primeira vez na história do BCE que a instituição empresta recursos a um prazo tão longo. As autoridades monetárias querem impedir que haja uma crise de crédito na zona do euro e que os bancos não tenham dinheiro suficiente para emprestar às empresas.
Essa foi a primeira das duas operações previstas, chamadas ORPA (sigla em inglês para "operação de refinanciamento a longo prazo”). A segunda deverá acontecer em 29 de fevereiro.
Críticas
Alguns economistas afirmam que ação do BCE representa uma transferência indireta de dinheiro para os bancos, que podem usar o dinheiro barato do empréstimo para comprar títulos de países endividados, como a Itália. Estes estão pagando juros anuais superiores a 6%.
Assim, os bancos pegariam empréstimos com juros de 1% e aplicaram o dinheiro a juros bem superiores, embolsando a diferença.
"Em princípio, é positivo que os bancos possam ter acesso a opções de refinanciamento a longo prazo", disse o economista do Commerzbank Michael Schubert. "Temos que ver, entretanto, como esses fundos serão utilizados", observou.
Na avaliação do banco alemão LBBW, o BCE disponibilizou aos bancos uma liquidez maciça, maior que a esperada. "No entanto, é duvidoso que a desconfiança no mercado interbancário pode ser quebrada", comenta a instituição.
A mesma avaliação faz o analista Michael Hewson, da empresa CMC Markets, que opera no mercado de derivativos. "A grande soma mostra apenas como é grande a tensão no mercado interbancário", comentou.
MD/rtr/lusa/dpa
Revisão: Alexandre Schossler