Berlim Tempelhof
3 de fevereiro de 2008Há tempos que se observa uma resistência constante dos habitantes de Berlim ao fechamento completo do aeroporto Tempelhof. De acordo com pesquisas conduzidas pela imprensa local na época da decisão judicial sobre o futuro do aeroporto no ano passado, cerca de 75% dos berlinenses gostariam de mantê-lo em funcionamento e apenas 22% aprovam seu fechamento completo. Uns 40% afirmaram que gostariam que o aeroporto fosse aproveitado pelo menos para vôos corporativos ou médicos.
Quando Friedbert Pflüger, líder da bancada da União Democrata Cristã (CDU) na capital, convocou os cidadãos a assinar uma petição de protesto com o objetivo de forçar o governo de coalizão de esquerda a repensar sua política, eles não hesitaram em fazê-lo. Na última quinta-feira (31/01), duas semanas antes do prazo final, a petição já havia obtido as 170 mil assinaturas necessárias para justificar a realização de um plebiscito.
Especialistas alertam, no entanto, que o referendo não tem força legal e não pode forçar o governo a mudar de estratégia. O prefeito da cidade, o social-democrata Klaus Wowereit, já avisou que não mudará seus planos para o aeroporto.
A declaração causou indignação em diversos políticos, que defendem que um plebiscito bem-sucedido deveria manter o aeroporto aberto – pelo menos, até que terminem as obras de construção do novo Aeroporto Internacional Berlim-Brandemburgo (BBI).
Velhos tempos
Embora ainda esteja em funcionamento, o aeroporto Tempelhof, um amplo complexo arquitetônico nazista situado ao sul da região central da capital, já tem a aura de uma cidade-fantasma, onde visitantes podem ter uma idéia de como voar era uma aventura nos velhos tempos, quando as pessoas ainda vestiam suas melhores roupas para viajar.
Mas Tempelhof também possui um passado notório, tendo sido usado pelos Aliados para suprir os habitantes da cidade com alimentos e outros bens necessários durante o bloqueio soviético de 1948.
Atualmente, de lá decolam apenas alguns vôos corporativos de pequeno porte e uma ponte aérea para Bruxelas. Mas até mesmo estes serão cancelados a partir de outubro, quando o aeroporto fechará definitivamente suas portas para dar lugar ao BBI, onde hoje fica o aeroporto Schönefeld.
Ministro reacende debate
Um ano após uma corte regional haver rejeitado um pedido de manutenção do antigo aeroporto, parecia que políticos haviam aceitado o destino de Tempelhof. Até que Ulrich Junghanns (CDU), secretário da Economia do estado vizinho de Brandemburgo, reacendeu o debate ao questionar se vôos corporativos de pequeno porte poderiam continuar voando por Tempelhof após seu fechamento, pois certamente não afetariam o sucesso do BBI.
Junghanns questionou também, se a cidade teria planos para a utilização do enorme edifício após outubro de 2008, reacendendo um acirrado debate entre democratas-cristãos e o governo de coalizão de esquerda. A CDU acusa a coalizão de "ignorância ao destruir uma valiosa propriedade pública com um enorme potencial econômico". A coalizão, no entanto, argumenta que o fechamento de Tempelhof é essencial para o sucesso do BBI. (rr)