Berlim quer direito de veto à participação estrangeira
8 de agosto de 2003O governo federal pretende alterar a Lei de Comércio Exterior (AWG), a fim de poder vetar a venda de empresas do setor de armamentos quando a participação estrangeira for superior a 25%.
O secretário adjunto do Ministério da Economia, Ditmar Staffelt, afirmou que é necessário defender os direitos nacionais, impedindo que a tecnologia de ponta alemã seja simplesmente transferida para o exterior.
Staffelt salientou que a Alemanha possui uma excelente estrutura de empresas de porte médio, que atrai investidores estrangeiros. Além disso, os Estados Unidos, Grã-Bretanha e França possuem leis para proteger sua indústria de armamentos, justificou o vice-ministro.
O projeto de lei elaborado pela coalizão de social-democratas e verdes, que será apresentado na segunda quinzena de agosto, está sendo apoiado por todos os partidos do Parlamento.
Empresários fazem críticas
A Confederação das Indústrias Alemãs (BDI), entretanto, protestou imediatamente. Os empresários sugeriram que o direito a veto seja limitado apenas às transações que envolvam, além de empresas privadas, a participação de Estados estrangeiros.
Em princípio, o projeto só inclui as empresas que fabricam produtos que constam da lista de "armas de guerra", e cuja exportação exige a autorização do governo. Mas a BDI teme que o direito de veto seja ampliado às empresas indiretamente ligadas ao setor de armamento, como por exemplo as fornecedoras de peças.
Atualmente, discute-se em nível internacional se a lista de "armas de guerra" não deve estender-se a produtos que servem tanto para fins civis como militares. Isto incluiria, por exemplo, empresas como a SAP, que produz software para as Forças Armadas.
Siemens e DaimlerChrysler
A alteração da Lei de Comércio Exterior afetaria tanto a Siemens quanto a DaimlerChrysler, que estão buscando compradores para suas subsidiárias do setor de armamentos.
Representantes da Siemens, que possui 49% de participação no fabricante de tanques Krauss-Maffei, não mostraram surpresa, afirmando que as decisões econômicas têm de respeitar os interesses políticos.
Cinco empresas estrangeiras estão interessadas em adquirir a MTU Aero Engines, fabricante de motores a jato, que pertence à DaimlerChrysler. A MTU emprega na Alemanha 7800 pessoas.