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Berlim quer regras para presos em Guantánamo

(ef)5 de fevereiro de 2003

A cooperação na luta antiterror é "excelente", mas o ministro alemão do Interior, Otto Schily, criticou, nos EUA, a situação dos supostos membros da Al Qaeda presos em Guantánamo e exigiu regras jurídicas para deles.

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Presos acorrentados na base militar americana em CubaFoto: AP

Na véspera do discurso do secretário de Estado americano, Colin Powell, no Conselho de Segurança em Nova York, nesta quarta-feira (5), aguardado mundialmente com grande expectativa, as tensões entre Alemanha e Estados Unidos por causa do Iraque foram sentidas na visita do ministro alemão do Interior a Washington. Mas, como o seu tema foi a luta contra o terrorismo internacional, o gelo das relações bilaterais pareceu derreter um pouco por alguns momentos.

Boa cooperação, mas...

Bündnis gegen Terror - John Ashcroft trifft Otto Schily
Otto Schily à direita de John Ashcroft: não deve haver lugar isento de direitosFoto: AP

Otto Schily qualificou a cooperação na luta contra o terrorismo de excelente e de confiança mútua. O mesmo disseram os seus parceiros de conversa – o chefe do novo Departamento de Segurança Interna dos EUA, Tom Ridge, e o secretário da Justiça, John Ashcroft. Mas as metas dessa luta deflagrada depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 estão ameaçadas por uma provável guerra contra o regime do Iraque, conforme advertiu o ministro alemão, em sua segunda visita a Washington em duas semanas:

"Não é preciso ter fantasia especial para ver que um conflito militar no Iraque pode gerar tensões entre as comunidades muçulmanas e não se exclui o perigo de fortalecimento das atividades terroristas".

Schily foi desta vez aos EUA participar de um seminário sobre a ameaça crescente de armas atômicas, biológicas e químicas em mãos de terroristas e aproveitou para encontrar-se com Ashcroft e Ridge, que têm nos EUA atividades semelhantes às suas na Alemanha. O resultado foi bom para os cofres alemães vazios. Ambos os parceiros americanos prometeram participar na formação profissional da força policial que os alemães vão criar no Afeganistão.

Depois dos Estados Unidos, a Alemanha é a segunda força na coalizão internacional de combate ao terrorismo, em termos de contingente e de equipamento bélico. Mas, se depois dos atentados de 11 de setembro o chanceler federal, Gerhard Schröder, prometeu apoio ilimitado na luta antiterror, ele já avisou em 2002 que a Alemanha não participaria de uma guerra para desarmar e destituir o regime do Iraque.

Críticas contidas

A cooperação antiterror nunca foi, porém, livre de conflitos. Os americanos mostraram-se várias vezes insatisfeitos com os métodos de investigação dos alemães e, como outros países da União Européia, a Alemanha sempre descartou a hipótese de extraditar supostos terroristas para os Estados Unidos, por causa da ameaça de serem condenados à morte.

Agora, apesar das trocas de declarações simpáticas, o ministro alemão fez críticas contidas ao tratamento que os americanos dispensam aos presumíveis membros da rede terrorista Al Qaeda presos na base militar dos EUA em Guantánamo Bay, em Cuba, sem queixa formalizada e sem acesso a advogados.

"Como acho que não deve haver espaço isento de direitos, tem de ser encontrada uma regra jurídica para situações extremas e nós vamos cuidar disso", disse Schily. Mas ele não adiantou quando os presumíveis homens de Bin Laden poderão ter direito de defesa.