Antiga capital alemã
20 de junho de 2011O anúncio de transferência da sede do governo alemão de Bonn para Berlim foi visto como uma catástrofe por muitos dos moradores da antiga capital alemã. Mas hoje, 20 anos após a decisão, a imagem do Regierungsviertel – o antigo bairro do governo – continua colorida e reluzente. Diversas empresas, fundações e institutos de pesquisas estabeleceram-se na área.
Peter Müller, funcionário do Ministério do Meio Ambiente, Preservação da Natureza e Segurança Nuclear, é um dos que vivenciaram os anos turbulentos de Bonn. Para ele, a cidade conseguiu criar boas condições para sobreviver à transferência do governo. "Bonn não se lamentou e ficou dizendo como tudo era ruim", afirma. Pelo contrário, segundo Müller, a nova situação foi encarada com otimismo, a situação foi contornada e realmente se extraiu o melhor da circunstância.
Atualmente, a área governamental abriga mais trabalhadores do que nos dias da "república de Bonn". O total de empregos e habitantes também é maior hoje. Além da Deutsche Telekom e da Deutsche Post, vieram outras grandes empresas, que atraíram um elevado número de pequenos fornecedores, que se estabeleceram no entorno. A própria administração governamental não foi completamente transferida para Berlim: 9 mil funcionários ainda trabalham em Bonn, ou seja, praticamente a metade dos funcionários do governo ainda estão em Bonn.
Muito dinheiro foi investido para facilitar que Bonn se despedisse do título de capital federal. O governo alemão colocou cerca de 1,4 bilhão de euros à disposição de Bonn e da região vizinha do Reno-Sieg/Ahrweiler. Grande parte desse amplo financiamento foi direcionada para a ciência e para institutos de pesquisa. A ideia era que, com profissionais bem formados e boas perspectivas de pesquisa, a cidade se tornasse mais atraente para empresas. Além disso, Bonn passou a se chamar cidade federal, denominação única na Alemanha.
Muito dinheiro para a cidade federal
O maior projeto de todos foi fazer de Bonn um centro de cooperação internacional. Com a possibilidade da antiga área governamental ser utilizada por organizações internacionais, muito foi feito neste sentido, diz Müller. Assim, uma boa estrutura para as organizações foi estabelecida, que, além disso, localizam-se próximo umas das outras.
O conjunto de instituições em Bonn é muito bonito, considera o funcionário do governo. O núcleo da Organização das Nações Unidas (ONU) em Bonn, por exemplo, é composto pelo antigo edifício dos escritórios dos parlamentares alemães e por outras instalações do antigo Parlamento.
Enquanto isso, 17 órgãos da ONU instalaram-se em Bonn, incluindo o Secretariado do Clima. Outras 150 organizações não governamentais também contribuem para dar um toque internacional à cidade.
Suspeita de fraude
Tudo teria ocorrido às mil maravilhas, não fosse o fiasco envolvendo o centro de convenções World Conference Center, que deveria ser a peça central do núcleo da ONU. Mas desde 2009 as construções estão paradas por irregularidades financeiras. A Promotoria Pública está investigando políticos e empresários por fraude.
Por enquanto, há apenas um edifício semiacabado na bela área às margens do Reno, o que pode ser visto como um desastre para a cidade de Bonn. Esse projeto deveria contribuir significativamente para melhorar a sua imagem, afinal, apenas um centro de convenções de grande porte permitirá trazer importantes conferências internacionais a Bonn.
Passados 20 anos desde a decisão de transferência da sede do governo, a antiga capital alemã mudou muito. Mas no fim das contas, Bonn saiu ganhando ou perdendo com a mudança? Para Michael Hirtner, que vive há 32 anos em Bonn e trabalha em um ministério, a qualidade de vida da cidade diminuiu. Ganha-se menos e as lojas e restaurantes chiques estão morrendo, considera. Todos os espaços comerciais estão alugados, mas "onde antes havia uma loja chique, hoje há uma loja barata", lamenta.
Bonn saiu ganhando
Katja Petereit pensa diferente. "Bonn saiu absolutamente ganhando", diz. Nascida na antiga capital, Petereit viveu durante anos em outras cidades e em outros países e voltou para Bonn, onde, segundo ela, uma mulher com filhos também tem boas condições de trabalho.
Hoje, ela acha a sua cidade mais interessante. Antes, era muito mais monótona por causa dos funcionários do governo, que tornavam tudo mais tranquilo e homogêneo do que hoje, opina. Por isso, para Petereit, agora a cidade é muito mais colorida, heterogênea, diversificada e dinâmica.
Bonn depende da sua imagem internacional e ainda quer continuar trabalhando para melhorá-la. Mais instituições alemãs da área de cooperação internacional e pelo desenvolvimento deverão se estabelecer na antiga capital nos próximos anos.
Autora: Eva Huber (lf)
Revisão: Carlos Albuquerque