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"Brasil tem otimismo moderado sobre Doha", diz embaixador

Karina Gomes17 de fevereiro de 2015

Em entrevista à DW Brasil, diretor do Departamento Econômico do Itamaraty afirma que país mantém defesa de pauta sobre abertura agrícola mundial. "Se Doha não der certo agora, vai dar em algum momento."

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Foto: J. Sorges

Enquanto a Organização Mundial do Comércio (OMC) faz novos esforços para concluir a Rodada Doha, o Itamaraty diz estar em uma situação de "otimismo moderado" sobre a principal pauta do Brasil nas negociações multilaterais: a abertura do mercado agrícola mundial.

Para Paulo Estivallet, diretor do Departamento Econômico do Ministério das Relações Exteriores, a liberalização da agricultura é imperativa e "vai ter que acontecer", mesmo que a nova tentativa da OMC de chegar a negociações concretas até dezembro fracasse.

Deutsche Welle: A pauta estabelecida pelo Brasil em relação à abertura agrícola será alcançada?

Paulo Estivallet: É difícil fazer alguma previsão, porque a dinâmica das negociações não é linear. É natural que cada um peça tudo o que quer e ofereça muito pouco em troca. A dinâmica da Rodada Doha nos últimos anos não tem sido muito positiva. Vai dar dessa vez? Estamos otimistas, porque na Conferência da OMC em Bali, em 2013, houve um comprometimento maior dos países com a negociação. Se eu fosse dar uma classificação para isso, eu diria que somos moderadamente otimistas. No médio e no longo prazo, essa liberalização vai ter que acontecer, porque faz sentido do ponto de vista econômico.

Se não houver acordo, qual é o plano B?

Se não acontece nada em agricultura, nada acontece na OMC. Isso seria uma pena não só para o Brasil, mas para todos. É de interesse de todos os países que a organização continue forte, vigorosa e com credibilidade. Então, eu acho que deve acontecer algum resultado. Já perdemos tantos prazos que entramos em um problema de credibilidade. O plano B em matéria de OMC é continuar tentando sempre. Além disso, nenhum país está parado em outras frentes. Há outras iniciativas sobre liberalização comercial em curso, como entre o Mercosul e a União Europeia. Mas essas outras negociações não substituem a OMC. Talvez outros países tenham a ilusão de que vão fazer negociações fora e depois falar para a OMC assinar embaixo. Isso não existe.

Mas e acordos grandes como a Parceria Trans-Pacífico (TPP), entre EUA, Austrália e países asiáticos?

Eles podem fazer as negociações, e não há problema nenhum. Mas não podem ter a ilusão de que se for acertado algo sobre propriedade intelectual no TPP, por exemplo, que vão chegar na OMC e apresentar isso como um padrão: aceitem. Não. Não há motivo lógico, nem político para que isso aconteça. Eles podem fazer o que quiserem, mas não há como impor. Não se impõe nada em negociação comercial, é um "toma lá, da cá". Mesmo entre os grandes há dificuldade para negociar. Em algum momento, tenho certeza de que todo mundo vai voltar para a OMC. Se não der certo agora, tenho certeza de que em algum momento dará.