Cúpula da UE diante de difíceis impasses
16 de junho de 2005A cúpula da União Européia, realizada em Bruxelas nesta quinta (16) e sexta-feira, se ocupará das metas orçamentárias da comunidade para o período de 2007 a 2012. Os países que mais dão dinheiro à UE do que recebem – Alemanha, Holanda e Suécia – pretendem reduzir suas contribuições para o limite máximo de 1% do PIB do bloco.
Londres versus Paris
A cúpula foi precedida por severas críticas contra a Grã-Bretanha, por Londres continuar se recusando a congelar o desconto concedido ao país em 1984, quando ele era o membro mais pobre da comunidade. Atualmente, a contribuição financeira da Grã-Bretanha à UE é reduzida em 4,6 bilhões de euros por ano, em média: E quem tem que arcar com quase 10% desta quantia são os países do Leste Europeu, que ingressaram no bloco o ano passado e são atualmente os membros mais pobres.
O premiê britânico, Tony Blair, mantém-se intransigente, cogitando apenas abrir mão deste privilégio, se a UE reduzir drasticamente os subsídios à agricultura, praticamente não utilizados pela Grã-Bretanha. Mas isso é justamente o que a França, dependente das subvenções agrícolas, pretende evitar a qualquer custo. Após um encontro com Chirac, em Paris, nesta quarta-feira (15/06), Blair se referiu a uma "clara divergência de opiniões" e previu que será difícil superar as diferenças neste encontro de cúpula.
O dilema constitucional
Os governantes dos países da UE também debatem o futuro da Constituição européia, após o "não" dos franceses e holandeses nos plebiscitos de 29 de maio e 1º de junho. O projeto de Constituição européia, elaborado para simplificar o complexo processo de decisão de uma comunidade de 25 países e 455 milhões de habitantes, tem que ser aprovada por todos os membros para entrar em vigor.
É possível que a comunidade admita que ainda é muito cedo para ratificar a Constituição ou simplesmente encoraje os países a continuar com os plebiscitos, a fim de ver qual será o resultado final. Diversos líderes europeus apelaram por uma prorrogação do processo de ratificação para além do período previsto de dois anos. A meta inicial era de ratificar a Constituição até novembro de 2006.
Também é possível que os governantes adiem a ratificação por tempo indeterminado. É bastante improvável que eles decidam renegociar o documento, considerando que a sua elaboração significou um longo e árduo processo.