Canarinhos em baixa
31 de julho de 2003A queda de jogadores brasileiros registrados para o primeiro turno do 41º Campeonato Alemão tem no rebaixamento do Energie Cottbus, Arminia Bielefeld e Nürnberg uma das grandes causas. Os três times afundaram levando consigo quatro atletas para fora da primeira divisão da Bundesliga. O jovem atacante Cacau escapou do naufrágio e transferiu-se para o Stuttgart, onde o zagueiro Marcelo Bordon e o alemão carioca Kevin Kuranyi são titulares. Os três times que chegam da segundona não trazem nenhum brasileiro em seu plantel.
A evasão acirrou-se com a decepção causada por certos representantes do futebol pentacampeão mundial. O Bayer Leverkusen não quer ver o zagueiro Cris nunca mais em sua defesa e devolveu-o ao Cruzeiro. O Hertha Berlim cansou-se de esperar pelo desabrochar do baiano Alex Alves, depois de 2,5 anos de aborrecimentos, e revendeu-o para o Atlético Mineiro. Já o meio-campista Ratinho, o brasileiro mais velho na última temporada, foi dispensado pelo Kaiserslautern e transferiu-se para o futebol chinês.
Apenas dois clubes inscreveram novos brasileiros. Um ano após a Copa do Mundo do Japão, parece ter diminuído o interesse dos clubes em oferecer a seus torcedores um representante do país pentacampeão mundial. Decisivo, porém, seria a crise financeira por que passa a Bundesliga. Uma análise das transferências revela que a grande maioria das transações foi com jogadores com passe livre. Some-se ainda os bons preços que os clubes descobriram na Argentina.
Os novatos
Dos três brasileiros recém-inscritos na Bundesliga, o Schalke foi o único a buscar o seu na origem. O zagueiro Eduardo Alcides, de apenas 18 anos, veio do Vitória, da Bahia. Já o Borussia Dortmund promoveu o lateral Leandro a profissional – o irmão do titular Dede já atuou em seis partidas da Bundesliga como amador – e trouxe do Real Madrid o maior reforço da nova temporada alemã. Após contratar o inglês David Beckham, o time espanhol liberou Flávio Conceição para procurar novo clube.
Diante das recentes lesões no conterrâneo Evanílson e no alemão Frings, o Borussia correu atrás e derrotou a concorrência na disputa por Flávio. "Minha opção pelo Dortmund tem a ver com o fato de ser um clube grande, tal como o Real. Não vou a qualquer lugar para brigar pelo quinto ou sexto lugar. Quero conquistar títulos e jogar na Liga dos Campeões", justificou o meio-campista, que aos 29 anos já disputou 58 partidas pela Seleção Brasileira. O contrato é de empréstimo por um ano, com opção de compra.
Com dois novos brasileiros no escrete, o Borussia Dortmund isolou-se como o principal ninho dos canarinhos na Alemanha. O campeão alemão de 2002 já conta com Evanílson na lateral direita, Dede na esquerda, e os atacantes Éwerthon (Seleção Sub-23) e Amoroso. Sem conseguir novo empregador, o ex-artilheiro retornou das férias fazendo mea culpa por sua má forma na temporada passada e prometendo encher as redes dos adversários novamente.
Os bons exemplos
Quem sucedeu Amoroso como canhão da Bundesliga foi Élber, que, aos 31 anos, inicia uma temporada pela primeira vez como o brasileiro mais velho do Campeonato Alemão. O atacante do Bayern de Munique é o mais bem sucedido goleador estrangeiro da história da Bundesliga. Em nove temporadas, o paranaense marcou 132 gols.Ao lado de Élber, o armador Marcelinho Paraíba foi o mais eficiente brasileiro no último semestre. Eles foram os únicos rotulados pela revista esportiva Kicker como "de nível internacional" e eleitos os melhores em suas posições dentre todos os jogadores da primeira divisão. Marcelinho é o motor do Hertha Berlim, que tem também Luizão no elenco. Há um ano na capital alemã, o campeão mundial entretanto ainda não deslanchou. Paira sobre Luizão a desconfiança de vir a ser a próxima desilusão dos berlinenses, após o fracasso de Alex Alves.
Devido a seu longo afastamento dos jogos, Lúcio não foi cotado para o ranking da Kicker na temporada passada, mas mesmo assim ganhou da revista o título de melhor zagueiro da Bundesliga. O craque quase deixou o clube, devido às necessidades financeiras deste, mas as negociações com o Roma fracassaram. Com Lúcio, o Bayer Leverkusen não perdeu o status de reunir o segundo maior número de brasileiros. Literalmente a seu lado joga Juan, enquanto o time tem para o ataque as opções de França e Róbson Ponte, que após duas temporadas emprestado ao Wolfsburg retorna mais experiente a Leverkusen.