Checkpoint Berlim: Batalha para ser capital do marzipã
18 de dezembro de 2017O Natal na Alemanha tem gostinho de marzipã. A pasta de amêndoas e açúcar é ingrediente de diversas receitas típicas da época, como o Stollen, e é associada a Lübeck, cidade no norte da Alemanha que é considerada a capital do marzipã e onde a pasta é inclusive protegida pela indicação geográfica.
Os berlinenses, porém, resolveram disputar com Lübeck o título de capital do marzipã, afinal Berlim também possui tradição na produção da pasta, além de ser a sede de várias fábricas.
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Originário do Oriente, provavelmente do Irã, o marzipã chegou à Europa na Idade Média, trazido pelos árabes. Logo passou a ser muito apreciado por reis e pela corte e, no século 16, era considerado um artigo de luxo. Ao longo de sua história, ele se popularizou e passou a ser ingrediente de diversos doces da culinária europeia.
Em Berlim, o marzipã é produzido há mais de 160 anos. Porém, como as fábricas costumavam vender a pasta apenas em grandes quantidades, a cidade nunca foi associada ao produto. Já em Lübeck, a produção do marzipã começou bem antes, por volta de 1800.
Há três grandes marcas da pasta de amêndoas em Berlim: Lemke, Moll e Ohde. Estima-se que somente a produção das duas primeiras seja de 20 mil toneladas de massa bruta por ano. A produção total na Alemanha seria de 55 mil toneladas, segundo o jornal semanal Berliner Abendblatt.
Agora, justamente, o dono de uma dessas três marcas deu o primeiro passo para que a cidade se torne conhecida pelo seu marzipã. Em meados de novembro, a Ohde abriu uma loja pertinho da rua de compras mais famosa de Berlim: a Kurfürstendamm. Com a iniciativa, o proprietário da marca, Hamid Djadda, deseja que, no futuro, o marzipã se torne um souvenir típico da capital alemã.
Assim como em Lübeck, a produção da pasta em Berlim segue as regras estipuladas no Livro Alemão de Alimentos. Segundo as regras, a receita da pasta pode conter no máximo 35% de açúcar e no mínimo 48% de amêndoas.
A matéria-prima principal para a produção do marzipã berlinense, as amêndoas, são importadas principalmente da Califórnia, da Espanha e de outros países na região do Mar Mediterrâneo.
Com a abertura da loja num dos endereços mais turísticos de Berlim, a Ohde deu a largada nesta difícil batalha pelo título de capital do marzipã. Se Berlim conseguirá desbancar a renomada Lübeck, somente o tempo dirá, mas com certeza a cidade do norte da Alemanha não vai se render sem lutar.
Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
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