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China admite ser dona de balão visto sobre América Latina

7 de fevereiro de 2023

EUA afirmam que segundo balão identificado em território latino-americano também serve para espionagem. Pequim nega e diz se tratar de mais um dispositivo "para fins civis".

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Balão chinês sobrevoa Montana, nos Estados Unidos
Os EUA detectaram um primeiro balão em seus céus na semana passada, que foi abatido no fim de semanaFoto: Chase Doak/REUTERS

Um grande balão descoberto nos céus da Colômbia também pertence à China, reconheceu nesta segunda-feira (06/02) a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Mao Nin.

O balão em questão é semelhante ao que foi visto sobrevoando os Estados Unidos na semana passada, que acabou por elevar as tensões entre Washington e Pequim e resultou no cancelamento da viagem do secretário de Estado americano, Antony Blinken, à China.

Os EUA acusaram o governo chinês de usar o balão para fins de vigilância e espionagem e, por isso, derrubaram o dispositivo no fim de semana sobre as águas de seu litoral.

No domingo, a China acusou os EUA de "terem exagerado e violado as práticas internacionais" ao abaterem o balão, e repetiu sua justificativa de que não se tratava de um dispositivo de espionagem, mas sim de um aparelho de pesquisa civil, sobretudo meteorológica.

Agora, os chineses disseram que o balão que sobrevoava a América Latina, também de sua propriedade, serve também para "fins civis". O veículo simplesmente saiu de sua rota planejada, alegou Pequim, utilizando a mesma justificativa que tinha usado para explicar a localização do primeiro balão.

Autoridades americanas de defesa haviam comunicado na última sexta-feira que avistaram um segundo "balão de vigilância chinês", dessa vez nos céus da América Latina.

O primeiro, sobre os Estados Unidos, havia sido detectado na terça-feira passada. Ele sobrevoou os céus americanos por vários dias antes de ser abatido no sábado sobre o Oceano Atlântico, perto da costa da Carolina do Sul, por um míssil lançado de um caça F-22, informou o Pentágono.

Durante a semana, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já havia dado ordens para abater o balão "o mais depressa possível". O Pentágono, porém, achou melhor esperar para executar a ordem em um "lugar mais seguro", para evitar danos em terra devido à possível queda de destroços.

Nesta segunda-feira, a Guarda Costeira americana impôs uma zona de segurança temporária nas águas do litoral da Carolina do Norte enquanto realiza operações de busca e recuperação dos destroços do balão chinês abatido.

Autoridades americanas afirmaram que esses destroços serão analisados por especialistas de inteligência, e não há planos de devolvê-los a Pequim.

Agravamento das tensões

Também nesta segunda-feira, o governo americano declarou que o balão não fez nada para melhorar as relações já tensas com a China.

John Kirby, porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, ainda rejeitou a alegação de Pequim de que o balão tinha fins meteorológicos. Ao responder às acusações da China de que os EUA "exageraram", Kirby disse que "ninguém quer ver conflito aqui".

Sobre o cancelamento da viagem do secretário de Estado americano à China, que ocorreria nestes domingo e segunda-feira, Kirby afirmou que Blinken tentará reagendar a visita quando for a hora certa.

A viagem a Pequim teria sido a primeira de um secretário de Estado americano desde 2018, quando os Estados Unidos e a China tentaram consertar os laços que estão sob forte tensão devido a uma série de desentendimentos.

Reforço contra espionagem chinesa

Autoridades americanas declararam nesta segunda-feira que melhorias ordenadas pelo presidente Biden para fortalecer as defesas do país contra a espionagem chinesa ajudaram a identificar o balão na semana passada.

Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, afirmou que, depois que Biden assumiu o cargo, os EUA "melhoraram a vigilância de seu espaço aéreo territorial e melhoraram sua capacidade de detectar coisas que a administração de [Donald] Trump era incapaz de detectar".

Sullivan acrescentou que, como parte desses esforços, "conseguimos voltar e examinar os padrões históricos" e descobrir "vários casos'' durante o governo Trump em que balões espiões chineses atravessaram o espaço aéreo e o território americano.

Vários funcionários do governo Trump disseram que não souberam de balões de vigilância chineses durante seus mandatos.

Antes desta segunda-feira, autoridades dos EUA haviam dito que, pelo menos três vezes durante o governo Trump e pelo menos uma outra vez durante o mandato de Biden, balões cruzaram o espaço aéreo americano, mas não por tanto tempo.

Nesses casos, os Estados Unidos teriam determinado que os balões pertenciam à China somente depois que eles deixaram o espaço aéreo dos EUA.

ek (DPA, AP, Reuters, AFP)