China em alerta após 17ª morte por coronavírus
23 de janeiro de 2020A China anunciou nesta quarta-feira a (22/01) a suspensão das viagens aéreas e ferroviárias a partir de Wuhan, a cidade de 11 milhões de habitantes que se tornou o centro de um surto de uma misteriosa pneumonia viral que já matou 17 pessoas.
O centro especial de comando contra o vírus na cidade alertou que os moradores não devem deixar a região, a não ser que tenham motivos especiais para fazê-lo. O objetivo, segundo as autoridades, seria "conter resolutamente o avanço da epidemia".
O surto da doença, iniciado em dezembro, é causado por um novo tipo de coronavírus semelhante ao da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars). Os sintomas são febre e cansaço, acompanhados de tosse seca e, em muitos casos, dificuldades respiratórias.
A misteriosa pneumonia, transmitida principalmente pelas vias respiratórias, é causada por uma nova cepa ainda desconhecida de coronavírus, identificado como 2019-nCoV (Novel Coronavírus 2019). A vice-ministra da Comissão Nacional de Saúde da China, Li Bin, alertou que existe a possibilidade de o vírus sofrer mutação, possibilitando uma disseminação maior da doença.
O governo classificou o surto na mesma categoria da epidemia de Sars, que se espalhou pela China em 2003 causando 646 mortes no país e 813 em todo o mundo, de acordo com dados da OMS. Essa categorização resulta no isolamento compulsório de pacientes e na potencial aplicação de medidas de quarentena.
O governo se preocupa com a propagação da doença durante o feriado do Ano Novo chinês, de 25 de janeiro a 18 de fevereiro, quando milhões de chineses devem viajar para suas cidades de origem ou para o exterior. O governo estima que 440 milhões de pessoas deverão utilizar o transporte ferroviário e 79 milhões se deslocarão em voos comerciais.
O Ministério chinês dos Transportes realiza ações de segurança para desinfetar trens, aviões e ônibus a fim de evitar a disseminação da doença. O mesmo ocorre em estações de passageiros, aeroportos e centrais de distribuição de cargas.
As autoridades relataram 571 casos da doença, a maioria em Wuhan. Algumas das principais cidades do país, como Pequim, Xangai e Chongqing, também registraram infecções. O mesmo ocorreu em províncias nas regiões central, nordeste e sul.
O vírus também foi detectado no Japão, Macau, Coreia do Sul, Taiwan, Tailândia e Estados Unidos. Passageiros vindos das regiões afetadas são vistoriados e examinados em aeroportos americanos e europeus e em vários centros de transporte público na Ásia.
As autoridades suspeitam que a fonte primária da doença sejam animais silvestres comercializados ilegalmente em um mercado em Wuhan, de onde o vírus começou a se espalhar.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que a entidade adiou a decisão de declarar ou não uma emergência global de saúde – um mecanismo utilizado apenas para os surtos mais graves – até receber maiores informações.
"Decidi pedir ao comitê de emergência para que se reúna novamente amanhã para continuar as discussões", afirmou, se referindo ao grupo internacional de especialistas da OMS em Genebra.
Ghebreyesus elogiou as medidas adotadas para suspender as viagens a partir de Wuhan, afirmando que, "ao tomarem ações decisivas, eles não apenas controlarão o surto em seu país como também diminuirão a chance se que se espalhe internacionalmente".
No Brasil, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais investiga em Belo Horizonte uma suspeita de infecção da doença em uma brasileira de 35 anos que chegou recentemente de Xangai. Entretanto, o Ministério da Saúde disse que ainda não foi detectado no país nenhum caso suspeito da pneumonia originada na China.
Segundo o Ministério, o caso de Minas Gerais não se enquadra na definição da OMS referente à doença de Wuhan. A Secretaria, porém, afirma que as investigações vão prosseguir até as autoridades chegarem a uma conclusão definitiva.
RC/afp/dpa/ots
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