Comunidade internacional confirma ajuda bilionária ao Afeganistão
8 de julho de 2012Cerca de 80 representantes de países doadores e vizinhos, assim como de organizações internacionais, vão garantir uma ajuda financeira ao Afeganistão de mais de 16 bilhões de dólares entre 2012 e 2015 – ou seja, cerca de 4 bilhões de dólares por ano. A partir daí, até o ano 2017 as verbas continuarão a fluir, porém num volume mais reduzido.
A decisão concluiu a Conferência Internacional para o Afeganistão, realizada em Tóquio neste domingo (08/07), cuja diretriz foi "nenhuma ajuda sem retribuição". Assim, no documento conclusivo, o presidente afegão, Hamid Karzai, garantiu a intensificação do combate à corrupção e às drogas, melhor governança, eleições livres em 2014 e 2015 e uma reforma financeira em seu país.
Instabilidade
O encontro de um dia no Japão foi a contrapartida civil para as resoluções da cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte em Chicago, em maio deste ano. Nela, os países que mantêm as tropas internacionais se comprometeram a auxiliar as forças de segurança afegãs com 3,6 bilhões de dólares anuais, a partir de 2014. Cabul deverá contribuir com, pelo menos, 500 milhões de dólares. A partir de 2024, o Afeganistão passa a arcar sozinho com os custos.
Até 2014 a Otan pretende retirar do Afeganistão a maior parte dos 130 mil soldados internacionais. Eventos recentes demonstram quão instável é o país. Segundo informações oficiais, 20 militantes talibãs, 14 civis – sendo quatro crianças – e cinco policiais morreram em dois atentados e uma luta armada no sul do país, neste domingo.
A Organização das Nações Unidas critica o número excessivo de civis entre as vítimas fatais da violência: no último ano elas foram 3.021 – o balanço mais alto desde o começo da guerra.
Paz com os talibãs
Os participantes da conferência na capital japonesa se comprometeram com um processo para a paz com os talibãs, sob a condição de que estes renunciem à violência, acatem a Constituição e cortem os laços com o terrorismo internacional, diz o documento final.
Entre os políticos presentes estavam a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. O ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, declarou aos delegados internacionais: "Precisamos de uma boa governança no Afeganistão, precisamos de uma governança melhor".
A Alemanha é o terceiro maior doador para aquele país asiático, depois dos Estados Unidos e do Japão. Após o fim da ação militar internacional em solo afegão, em 2014, Berlim seguirá liberando 430 milhões de euros "pelo menos até 2016" para o desenvolvimento do Afeganistão.
Presidente mostra-se autocrítico
Karzai confirmou que, no geral, a situação em seu país continua periclitante e que a economia nacional segue subdesenvolvida, apesar de todos os avanços alcançados nos últimos anos. A corrupção mina a eficiência da ajuda humanitária internacional. Serão necessários ainda muitos anos de trabalho duro até o Afeganistão alcançar a autonomia, admitiu o presidente.
Seu governo apresentou um esboço estratégico aos dirigentes e representantes reunidos em Tóquio, assegurando seus intentos no sentido do desenvolvimento e de reformas.
O documento final de duas partes divulgado em Tóquio fala de uma "mudança de paradigma" no relacionamento entre o Afeganistão e a comunidade internacional. Progressos quanto aos compromissos assumidos mutuamente deverão ser verificados regularmente. A cada dois anos haverá uma conferência de nível ministerial, estando a primeira marcada para acontecer no Reino Unido depois das eleições presidenciais afegãs, em 2014.
AV/ ap, dpa, dapd
Revisão: Mariana Santos