1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Continuísmo deverá marcar próxima presidência do Egito

17 de junho de 2012

Em meio à crise política, egípcios foram às urnas elever novo presidente. Concorreram ao cargo o candidato islâmico Mohammed Morsi, da Irmandade Muçulmana, e Ahmed Shafik, último primeiro-ministro da era Mubarak.

https://p.dw.com/p/15GnG
ARCHIV - Die Kandidaten zur Präsidentenwahl in Ägypten, der Islamist Mohammed Mursi (l./Foto vom 17. Mai 2012) und der frühere Mubarak-Minister Ahmed Schafik (Foto vom 14. Mai 2012). Bei der Präsidentenwahl in Ägypten läuft es auf eine Stichwahl zwischen dem Islamisten Mohammed Mursi und dem früheren Mubarak-Minister Ahmed Schafik hinaus. Ein Mitglied der Wahlkommission sagte am Freitag (25.05.2012) in Kairo, die beiden Politiker lägen nach der Auszählung von 90 Prozent der Stimmen mit Abstand vor den Mitbewerbern. Das offizielle Ergebnis der Wahl werde erst am Sonntag (27.05.2012) veröffentlicht, fügte er hinzu. EPA/KHALED ELFIQI (zu dpa 1012 am 25.05.2012) +++(c) dpa - Bildfunk+++
Präsidentenwahl in Ägypten Mohammed Mursi und Ahmed SchafikFoto: picture-alliance/dpa

Em meio a uma crise política após a anulação das eleições parlamentares, os egípcios foram às urnas neste fim de semana escolher o novo presidente do país. Concorreram ao cargo o candidato islâmico Mohammed Morsi, da Irmandade Muçulmana, e Ahmed Shafik, último primeiro-ministro da era Mubarak.

Cerca de 50 milhões de eleitores estavam aptos a ir às urnas neste segundo turno das eleições presidenciais. No primeiro turno, no final de maio, Morsi ganhou 24,7% dos votos, enquanto Shafik saiu em segundo lugar, recebendo 23,6%. O pleito aconteceu em meio ao anúncio oficial da dissolução do Parlamento no Cairo.

Neste domingo (17/06), o último dos dois dias de votação do segundo turno, os locais de votação foram abertos em clima de desconfiança. Muitos observadores dormiram nos locais para evitar possíveis fraudes. No final do primeiro dia, sábado, a comissão eleitoral garantiu que o pleito teria transcorrido sem incidentes.

A contagem dos votos deve ter início na madrugada desta segunda-feira, mas os resultados oficiais só devem ser anunciados na próxima quinta-feira.

Pequena participação

Desde a queda de Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011, o Conselho Militar Superior dá as cartas no país e continuará decidindo sobre todas as questões importantes mesmo depois da uma eleição presidencial – que aconteceu em um contexto sem Parlamento e sem Constituição. Por esse motivo, acredita-se que a participação eleitoral neste fim de semana será menor que em maio último.

Segundo o Sindicato dos Advogados do Egito, a participação eleitoral no sábado teria chegado, em média, a 15%. No Cairo e nas cidades mais populosas no delta do Nilo, tal participação teria ficado entre 5% e 7%. Em maio último, por volta de 46% dos eleitores egípcios foram às urnas.

A atual eleição polarizou o Egito. Para muitos, o pleito entre Morsi e Shafik se assemelha a uma decisão entre dois males.

Muitos temem que uma vitória de Shafik, antigo general da Aeronáutica, signifique um retorno ao antigo regime. Por outro lado, uma vitória nas urnas do islamita Morsi não é desejada principalmente para minorias religiosas e forças seculares, que temem uma islamização do Estado e da sociedade.

Präsidentenwahl in Ägypten Mohammed Mursi
Mohammed Morsi (c.) durante campanha eleitoral no EgitoFoto: picture-alliance/dpa

Morsi X Shafik

Para muitos egípcios, Mohammed Morsi é um típico "mandão". O engenheiro com título de doutorado já pertence há mais de três décadas à Irmandade Muçulmana, primeiramente no setor de religião, depois no gabinete de liderança e, finalmente, como candidato no Parlamento egípcio.

Após as manifestações no país e a queda do antigo ditador Mubarak, Morsi tornou-se presidente do Partido da Liberdade e Justiça, fundado no âmbito da Irmandade Muçulmana. No final do ano passado, ele levou o partido à vitória nas eleições parlamentares com mais de 45% dos votos.

Ninguém esperava, todavia, que o islamita de 60 anos pudesse vir a ser o sucessor de Hosni Mubarak. Mesmo para a Irmandade Muçulmana, ele era apenas uma segunda escolha. Seu partido o escolheu para disputar as eleições presidenciais somente após a candidatura do número 2 da Irmandade Muçulmana, Khairat al-Shater, ter sido recusada. Al-Shater é visto como carismático, enquanto Morsi, como pragmático.

Para especialistas, no entanto, o nome de Mohammed Morsi não pode vir a ser considerado o símbolo de um novo Egito. "A Irmandade Muçulmana sempre preferiu negociar com o antigo regime a desafiá-lo", disse Andrea Teti, especialista em relações internacionais na Universidade de Aberdeen. Dessa forma, Morsi, que se inclui na oposição ao antigo regime, representaria mais um continuísmo do que uma mudança, avaliou Teti.

E, na verdade, tal posição já está ocupada por Ahmed Shafik, o candidato presidencial da velha guarda. Ele serviu às Forças Armadas egípcias durante quase 40 anos, tornando-se posteriormente ministro da Aeronáutica antes de ir para a política, mantendo-se fiel a Mubarak até o último momento.

Para o especialista em assuntos egípcios da Universidade Livre de Berlim, Hamadi El-Aouni, "Ahmed Shafik se esforça pela abertura". "Mas no Egito, ninguém acredita nisso. As pessoas acham que ele irá reintroduzir o antigo regime, talvez com algumas correções cosméticas."

Ahmed Schafik / Wahlplakat / Ägypten
Cartazes eleitorais da campanha de ShafikFoto: Reuters

Dois lados de uma só moeda

Durante a campanha eleitoral, Shafik apresentou-se como um líder forte e político experiente, prometendo restabelecer a lei e a ordem no país num prazo de 24 horas após ter sido eleito. Devido à sua aproximação com os círculo de poder de Mubarak e suas profundas raízes nas Forças Armadas, Shafik tem o apoio da antiga elite.

E é precisamente por isso que ele é rejeitado por muitos apoiadores do movimento em prol da democracia. "À primeira vista, os dois candidatos se diferenciam claramente um do outro", disse Andrea Teti. "Mas, no final, eles são apenas dois lados da mesma moeda. Ambos pertencem à era Mubarak."

Autores: Anne Allmeling / Carlos Albuquerque
Revisão: Mariana Santos