Pacote de ajuda
16 de novembro de 2008A disposição do governo alemão de atender ao pedido de garantias feito pela montadora Opel, subsidiária alemã da General Motors, provocou desconfiança da mídia e de políticos alemães. Fala-se agora que o pacote de ajuda governamental aos bancos se estenderá à montadora.
O governo de Berlim, no entanto, adverte contra possíveis "aproveitadores da crise" e diz que a ajuda governamental estaria submetida a determinadas certas condições.
Garantias estatais premeditadas
Ao diário berlinense Der Tagesspiegel, o ministro alemão do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, afirmou que o governo federal teria começado a analisar novas medidas de apoio que vão além da ajuda à Opel, como linhas de crédito mais elevadas para compra de automóveis ou bônus para troca do carro velho. Segundo a edição de domingo do jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ), a subsidiária norte-americana da Ford na Alemanha também teria pedido auxílio governamental.
Mas a desconfiança quanto à ajuda do Estado também cresceu. Segundo a edição online da revista Spiegel, o ministro alemão da Economia, Michael Glos, e a Associação Alemã de Contribuintes criticaram o fato de tal ajuda vir a sobrecarregar o contribuinte. Glos afirmou achar errôneas "especulações sobre um grande pacote de ajuda".
O ministro reiterou ao jornal Bild sua declaração de que o auxílio estaria atrelado a determinadas condições, como segurança de empregos e manutenção de locais de produção, e advertiu às empresas a não pedirem garantias estatais de forma premeditada. Glos afirmou que o apelo ao Estado só deve ser feito quando não houver mais alternativas.
"Cheque ao Lehman Brothers"
Peer Steinbrück, ministro alemão das Finanças, também criticou possíveis "aproveitadores da crise". Ao jornal Leipziger Volkszeitung, o ministro afirmou que empresários não devem pensar que a hora agora é boa para tirar do Estado aquilo que normalmente não se recebe.
Por outro lado, o governo alemão também recebe advertência. Ao diário Berliner Zeitung, Ferdinand Düddenhöffer, especialista em indústria automobilística da Universidade de Ciências Aplicadas de Gelsenkirchen, adverte o Estado de uma ajuda premeditada à Opel. "Primeiro temos que checar até onde vai a cooperação dos norte-americanos".
O especialista acrescenta que se o governo dos EUA não apoiar o programa de ajuda à matriz GM, uma garantia do governo alemão à subsidiária Opel seria como um "cheque ao Lehman Brothers", banco norte-americano de investimentos que pediu insolvência em setembro último.