Virada na BP
27 de julho de 2010O vazamento de petróleo sem precedentes no Golfo do México acarretou à petroleira britânica BP gastos de 32,2 bilhões de dólares, conforme a empresa divulgou nesta terça-feira (27/07). O acidente também motivou a destituição do CEO Tony Hayward.
Só entre abril e junho de 2010, a empresa sofreu um prejuízo de 17,1 bilhões de dólares. Os números foram apresentados por ocasião da divulgação do balancete trimestral da BP. Para sair do vermelho, a petroleira anunciou que venderá parte de seu patrimônio no valor de 30 bilhões de dólares durante os próximos 18 meses.
Ao anunciar as medidas a serem tomadas para manter sua liquidez, a BP observou que o volume e o prazo de pagamento de eventuais encargos relacionados ao vazamento no Golfo do México ainda não podem ser determinados com exatidão.
Uma nova cultura
Foi também nesta terça-feira que a BP divulgou o nome do sucessor de Tony Hayward na presidência da empresa. A saída do britânico já era esperada, considerando a gravidade dos conflitos com o governo norte-americano durante a sua gestão da crise do Golfo do México
Hayward estava na mira da opinião pública internacional desde que a plataforma Deep Horizon explodiu em 20 de abril último, causando a morte de 11 trabalhadores e provocando o vazamento de milhares de barris de petróleo cru na costa dos Estados Unidos.
Bob Dudley será o primeiro americano (e o primeiro não-britânico) a assumir a presidência da BP. "Acho que, às vezes, acontecimentos como esse podem abalar uma pessoa na base, e para isso há duas respostas possíveis", disse Dudley em entrevista a um canal de televisão americano.
"Uma é fugir e se esconder, a outra é reagir, realmente mudar a cultura da empresa, assegurar as inspeções para que isso não volte a acontecer", concluiu Dudley. O novo diretor declarou que sua prioridade é fechar definitivamente o poço no Golfo do México, conter a mancha de petróleo e limpar o litoral afetado.
Apesar do prejuízo financeiro e do abalo na imagem da empresa, o presidente Carl-Henric Svanberg tentou demonstrar algum otimismo: "A BP continua sendo um empreendimento forte, com bom patrimônio, com profissionais excelentes e com o papel vital de suprir a demanda de energia no mundo. Mas se tornará uma empresa diferente, a se desenvolver sob nova liderança, com apoio de uma gerência consistente e um quadro administrativo bastante empenhado."
Discurso de despedida
A demora de uma solução para o vazamento no Golfo do México já havia motivado, em junho, o afastamento de Tony Hayward das atividades diárias. A atuação do então diretor foi marcada por episódios escandalosos, como o registrado em 18 de maio último. Em visita a moradores da região afetada, Hayward disse que o impacto do vazamento era "muito, muito modesto".
"A explosão no Golfo do México foi uma tragédia terrível pela qual eu sempre sentirei uma grande responsabilidade, independentemente de onde a culpa venha a recair", disse Hayward nesta terça-feira.
O britânico permanece à frente da BP até outubro; posteriormente se tornará diretor não-executivo da joint venture russa TNK-BP. Segundo o contrato, Hayward receberá 1,6 milhão de dólares de vencimentos anuais, além de uma aposentadoria milionária.
Marcas do acidente
Em 15 de julho último, o vazamento no Golfo do México foi vedado. A BP precisou de três meses para solucionar o problema – nesse período, mais de 5 milhões de barris de petróleo escoaram no mar.
A maior catástrofe ambiental da história dos EUA acabou com o turismo e a pesca no litoral de cinco estados norte-americanos.
NP/dpa/rts/afp
Revisão: Simone Lopes