Devagar, quase parando
17 de junho de 2003A avaliação predominante entre empresários e economistas é de que a economia alemã irá se livrar lentamente da recessão do primeiro semestre, mas não conseguirá a força necessária para dar partida ao motor. "Na metade do ano não vemos perspectiva de um requecimento. A economia alemã insistente em não deslanchar. A conjuntura se arrasta numa marcha lateral", expôs o diretor gerente da Confederação Alemã de Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK), Martin Wansleben, querendo dizer que não vai nem para trás nem para a frente.
Segundo pesquisa com participação de mais de 21 mil empresas filiadas à DIHK, as expectativas de negócios estão bastante baixas. Somente 17% dos empresários esperam negócios melhores do que em 2002. A fração dos pessimistas é de 42%. Os demais contam com uma estagnação. Esse é o pior índice desde 1993, ano em que a Alemanha sofreu uma recessão. Quase todos se manifestaram preocupados com o corte de empregos, a contenção de investimentos, e expresaram o temor de que venha a balançar o único pilar que até agora vinha sustentando a conjuntura: as exportações. A alta do euro frente ao dólar, que valorizou-se 15% desde janeiro, é a principal dificuldade no comércio exterior.
Euro forte prejudica exportações
Em abril, as exportações alemãs caíram 3,4% em relação ao mesmo mês do ano anterior. No entanto, há diferenças conforme os mercados, diz Wansleben. "Enquanto o tom é reservado para as exportações aos EUA e a região do dólar, todos confiam nos negócios com a China e os países do leste europeu que entrarão para a União Européia. Já na zona do euro, dominam as perspectivas frustadas de uma recuperação da conjuntura. Principalmente na França, Itália e Holanda, para onde vai quase um quarto das exportações da Alemanha. Nesses países a economia também está parada."
A confederação das câmaras diagnosticou uma hesitante estabilização na demanda interna e nos negócios no país. O pessimismo continua principalmente no comércio e na construção civil. Assim, não haverá impulsos para mudar a situação no mercado de trabalho.
Crescimento zero e a incerteza das estrelas
Acrescentando mais um dado ao panorama econômico, o Arquivo da Economia Mundial, de Hamburgo, um dos principais institutos econômicos do país, abaixou sua previsão de crescimento para 2003 de 0,7% para 0%. Não obstante, manifestou-se otimista quanto ao futuro. Os empresários, por sua vez, não arriscam nenhuma previsão para 2004. "Não temos a mínima idéia quanto ao que virá no próximo ano. Só as estrelas sabem", comentou à agência Reuters.
Reina uma grande incerteza entre os empresários também no que diz respeito à política econômica. Como expôs o presidente da DIHK, eles não acham que o plano de reformas do governo seja o esperado sinal para reverter a situação da conjuntura no mercado de trabalho.
Pelo contrário. O temor é de que mesmo as boas iniciativas acabem não dando em nada, vítimas da contenda entre governo e oposição. Somente decisões claras na política econômico-financeira e na reforma dos sistemas sociais poderão restrituir a confiança às empresas. Já está mais do que na hora de reformas, segundo Wansleben, o que inclui tanto a diminuição das subvenções, como uma nova reforma fiscal.