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Dilma defende volta do Paraguai ao Mercosul, mas Cartes mostra cautela

Ericka de Sá, de Brasília30 de setembro de 2013

Presidente brasileira garante que relações bilaterais seguem intactas e sugere que retorno do vizinho ao bloco é questão de tempo. Líder paraguaio afirma que regresso só acontecerá quando for útil para Assunção.

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O presidente paraguaio, Horacio Cartes, fala com a imprensa após encontro com Dilma em BrasíliaFoto: picture-alliance/dpa

A primeira visita de Estado do presidente paraguaio, Horacio Cartes, ao Brasil foi dominada nesta segunda-feira (30/09) pela questão da volta do seu país ao Mercosul, um impasse que já se arrasta por mais de um ano.

Após uma reunião de cerca de uma hora e meia com Cartes, que tomou posse em agosto, a presidente Dilma Rousseff disse que o Paraguai está em processo de volta ao bloco, mas "no tempo deles". Ela reafirmou que o Brasil tem todo o interesse na volta do país ao Mercosul e que as relações bilaterais se mantiveram "intactas" durante o processo.

"Nós consideramos que essa participação do Paraguai no Mercosul tem um significado muito importante nesse momento e consideramos também que sermos capazes de integrar da Patagônia ao Caribe [fazendo referência à entrada da Venezuela] torna a nossa região um tecido multilateral muito mais forte", afirmou Dilma.

Cartes, por sua vez, disse que sabe da importância da integração física ampla do Mercosul, mas avisou que o Paraguai quer voltar a sentar "na mesa grande quando as coisas forem úteis" para ele também.

O Paraguai ficou suspenso do bloco por quase um ano como forma de retaliação de Brasil, Argentina e Uruguai pelo processo de impeachment que destituiu, em 2012, o então presidente Fernando Lugo. Após a eleição de Cartes, a suspensão foi revogada.

Reforço a parcerias

Sem a presença do Paraguai, a Venezuela foi incorporada ao bloco e ocupa hoje sua presidência rotativa. Cartes já havia deixado claro, quando tomou posse, que a entrada da Venezuela não estaria de acordo com os acordos internacionais firmados pelos fundadores do bloco, que preveem a aprovação pelo Legislativo de cada membro para o ingresso de um novo país.

"Agora estamos no momento em que o Paraguai consolidou seu processo de normalização democrática superando as dificuldades do passado recente", disse o secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Eduardo dos Santos.

Mercosur Gipfel StaatspräsidentInnen
Imagem da última cúpula do Mercosul mostra os líderes do bloco: Paraguai ausenteFoto: Miguel Rojo/AFP/Getty Images

Como exemplo da manutenção das relações durante a crise do Mercosul, Dilma citou a conclusão, em outubro, da linha de transmissão entre a usina de Itaipu e a subestação de Villa Hayes, na Grande Assunção.

"Isso é um símbolo de que tudo o que ocorreu não afetou as relações concretas que existem entre os nossos países", disse.

Ainda que esta tenha sido a primeira visita oficial ao vizinho sul-americano desde 15 de agosto, Cartes já havia tido outros quatro encontros com Dilma no período, frequência que, segundo a presidente brasileira, expressa a vontade dos dois países de aprofundar as parcerias estratégicas.

Além da área de energia, os dois conversaram sobre infraestrutura – citando parcerias na área ferroviária –, além de ampliação das trocas comerciais e programas de combate à pobreza. Segundo o Itamaraty, o comércio entre Brasil e Paraguai fechou o ano de 2012 em 3,6 bilhões de dólares. Até agosto deste ano, o comércio bilateral aumentou 23% em relação ao mesmo período do ano anterior.