Em noite de bombardeio intenso, Israel ataca 150 alvos em Gaza
29 de julho de 2014Após uma tentativa fracassada de trégua não oficial durante os três dias do feriado de Eid al-Fitr, que marca o fim do Ramadã, Israel atacou Gaza massivamente na noite desta segunda para terça-feira (29/07). Cerca de 150 alvos foram atingidos, entre eles a casa de Ismail Haniya, um dos líderes do Hamas.
Nem Haniya nem sua família estavam em casa quando o local foi destruído pelos mísseis, segundo a emissora de televisão do Hamas, al-Aqsa. Já os moradores da Faixa de Gaza relataram medo, pânico e uma explosão a cada cinco minutos. Mais de 1.100 mil palestinos já foram mortos desde o início da ofensiva de Israel, há 22 dias. Enquanto isso, 53 soldados e três civis israelenses morreram.
Moradores do sul e do centro de Israel também viveram uma noite inquieta, com sirenes de alerta para ataques aéreos soando nas duas regiões. Ao menos dois foguetes caíram em áreas desocupadas e ao menos um foi interceptado, de acordo com testemunhas.
Durante os ataques noturnos, a única central elétrica da Faixa de Gaza também foi atingida, segundo o Exército israelense. A central está fora de operação, disse um representante do setor de energia de Gaza nesta terça-feira.
Os intensos ataques vieram após o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, alertar num pronunciamento na televisão que Israel deve estar preparado para "uma longa campanha" militar em Gaza.
"Vamos continuar agindo com força e discrição até cumprirmos nossa missão", disse. “Não vamos parar até neutralizar todos os túneis [utilizados pelo Hamas], que têm como único propósito destruir nosso povo e matar nossas crianças."
O ministro da Defesa de Israel, Moshe Yaalon, disse que a ofensiva terrestre para acabar com os túneis deve ser concluída nos próximos dias. Até agora, 17 dos 31 túneis conhecidos foram explodidos, segundo o Exército israelense.
Sete militantes conseguiram se infiltrar em Israel por um túnel na noite desta terça-feira e, ao serem descobertos, mataram cinco soldados israelenses. Um dos palestinos morreu e os outros seis conseguiram voltar à Gaza pelo túnel.
Sami Abu Zuhri, porta-voz do Hamas, rebateu as ameaças de Israel, dizendo que elas não assustam o Hamas ou os palestinos. "A ocupação (israelense) vai pagar por seus massacres contra crianças e civis", disse à agência de notícias Reuters.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse estar preocupado com o fato de Israel estar jogando folhetos a partir de aviões, alertando moradores a deixar a cidade de Gaza. Para Ban, deixar suas casas causaria ainda mais sofrimento aos palestinos e a ONU não tem a capacidade de suportar um grande fluxo de pessoas.
A Agência da ONU de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) disse que mais de 167 mil palestinos já buscaram refúgio em suas escolas e edifícios na sequência de avisos pedindo que civis evacuassem bairros inteiros diante de operações militares israelenses.
BA/rtr/afp/dpa