Em pronunciamento, Bolsonaro minimiza novo coronavírus
25 de março de 2020Em seu terceiro pronunciamento em menos de 20 dias, o presidente Jair Bolsonaro minimizou nesta terça-feira (24/03) a pandemia de covid-19, atacou a imprensa e criticou medidas aplicadas por governadores para conter o avanço do surto.
"O vírus chegou, está sendo enfrentado por nós e brevemente passará. Nossa vida tem que continuar. Os empregos têm que serem mantidos", disse o presidente e pediu a volta da normalidade.
"Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa" afirmou Bolsonaro.
O presidente voltou a chamar a covid-19 de "gripezinha" e afirmou que idosos são o grupo de risco, alegando que mortes entre menores de 40 anos são raras e que 90% da população não apresentará sintomas da doença se for infectada.
"No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho", afirmou Bolsonaro.
Após uma viagem oficial aos Estados Unidos, 23 integrantes da comitiva que viajou com Bolsonaro foram diagnosticados com o novo coronavírus. O presidente chegou a fazer dois testes para a covid-19, que, segundo ele, deram negativo. Ele se recusa a mostrar os resultados.
Depois de uma decisão da Justiça Federal, o hospital que atendeu Bolsonaro liberou para a Secretária de Saúde do Distrito Federal a lista dos 17 infectados. No documento, porém, dois nomes foram omitidos.
No pronunciamento de cerca de quatro minutos, Bolsonaro voltou ainda a falar sobre a cloroquina. "Nosso governo tem recebido notícias positivas sobre esse remédio fabricado no Brasil, largamente utilizado no combate a malária, lúpus e artrite".
O uso da cloroquina para tratar a covid-19 foi testado em pesquisa preliminar na França, no entanto, não há estudos amplos que comprovem a eficácia do medicamento para esse fim.
Bolsonaro também atacou a imprensa e acusou os meios de comunicação de espalharem "histeria" no país. "Grande parte dos meios de comunicação espalharam exatamente a sensação de pavor, tendo como carro-chave o anúncio do grande número de vítimas na Itália. Um país com um grande número de idosos e um clima totalmente diferente do nosso", acrescentou.
Durante o pronunciamento, pelo oitavo dia consecutivo, ocorreram panelaços contra o presidente em várias cidades do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília.
O Ministério da Saúde informou nesta terça-feira que o número de casos do novo coronavírus registrado no país chegou a 2.201 e o de mortes em decorrência da covid-19 a 46, 12 óbitos a mais do que na segunda-feira. O estado de São Paulo é o epicentro da pandemia no país, com 745 casos e 30 mortes.
CN/ots
______________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube
| App | Instagram | Newsletter