Encontrados arquivos secretos da ditadura militar argentina
5 de novembro de 2013O ministro da Defesa da Argentina, Agustín Rossi, anunciou nesta segunda-feira (04/11) que foram encontradas as atas secretas das juntas militares que governaram o país entre 1976 e 1983.
Os documentos foram localizados no porão da sede da Força Aérea, em Buenos Aires. De acordo com o Ministério da Defesa, os arquivos são de "imenso valor histórico".
Segundo Rossi, foram encontrados seis arquivos com os originais das atas da junta militar. "Inclui todas as atas secretas desde 24 de março de 1976 a 10 de dezembro de 1983", afirmou. Ao todo, são 280 atas.
Os arquivos contêm ainda outros documentos e fotos do período entre o golpe de Estado de março de 1976 até o fim do regime militar, em 1983. Durante esse período, 30 mil militantes da oposição foram assassinados ou desapareceram sem deixar vestígios. Até hoje, apenas algumas centenas foram identificados.
Nomes importantes na lista negra
Como anunciou o Ministério do Interior, os documentos mostram que a junta militar tinha planos de governo que iam até o ano de 2000. Também foram encontradas no arquivo várias das chamadas "listas negras" de pessoas, classificadas de acordo com quatro níveis de periculosidade.
As listas incluem mais de 300 pessoas, sendo que metade são artistas e intelectuais argentinos. A lendária cantora Mercedes Sosa é mencionada, assim como o escritor Julio Cortázar, morto em 1984, a atriz Norma Aleandro e a escritora de livros infantis María Elena Walsh.
Uma nova esperança
Há dez anos, a anistia para crimes cometidos durante a ditadura foi abolida. Desde então, o judiciário argentino teve que lidar com diversos casos de violação dos direitos humanos e centenas de membros de esquadrões militares foram condenados.
Rossi expressou a esperança de que os documentos agora encontrados ajudem a esclarecer fatos sobre os procedimentos e a comunicação interna da junta militar.
Há anos, as Forças Armadas argentinas são confrontadas com exigências para abrir seus arquivos. A ditadura argentina acabou em 1983, com o início do governo de Raul Alfonsín.
MAS/afp/dpa