Eleições estaduais
28 de janeiro de 2008Com 36,8% dos votos, contabilizados até segunda-feira (28/01), a União Democrata Cristã (CDU) obteve seu pior resultado dos últimos 40 anos nas eleições estaduais de Hessen. O Partido Social Democrata (SPD) obteve, segundo resultados não oficiais, 36,7% dos votos. Partido Verde, Partido Liberal (FDP) e o partido A Esquerda também conseguiram assentos na Assembléia Legislativa de Hessen.
Com a clara vitória da CDU (42,5%), a situação na Baixa Saxônia é bem diferente. O partido do atual governador Christian Wulff continuará com a maioria absoluta na Assembléia da Baixa Saxônia devido à coalizão que tem com os liberais.
Em ambos os estados, o maior vitorioso foi, com certeza, o partido A Esquerda. Com 5,1% dos votos em Hessen e 7,1% na Baixa Saxônia, o partido ultrapassa a barreira dos 5% dos votos necessários para se fazer representar. Até agora, nos estados do Oeste alemão, o partido formado pela aliança entre o antigo Partido de Esquerda e o WASG, em junho de 2007, estava somente representado em Bremen.
Possível aliança com o FDP
Além da perda de popularidade do governador de Hessen, Roland Koch, em função do debate sobre os delinqüentes juvenis estrangeiros, a derrota da CDU é atribuída, sobretudo, a temas específicos do estado, como educação e escola.
Apesar de não dispor mais da maioria absoluta que tinha na coalizão com o Partido Liberal (FDP), Roland Koch reclama para si o direito de formar o novo governo de Hessen e procura, agora, novas coalizões.
Para tal, Koch recebe o apoio de Angela Merkel, que na conferência de imprensa desta segunda-feira, em Berlim, afirmou: "Em Hessen, temos que aceitar as derrotas. Isto é motivo de dor e, portanto, não é preciso falar muito sobre o assunto. Mas a CDU é o partido mais forte. Ou seja, cabe a Roland Koch formar o novo governo. CDU e FDP são, em Hessen, mais fortes que social-democratas e verdes".
Kurt Beck, presidente do SPD, é de outra opinião. Na reunião da executiva partidária, em Berlim, Beck defendeu uma "maioria solidária" em Hessen, sob o comando da candidata social-democrata Andrea Ypsilanti. Beck descartou uma grande coalizão com a CDU e, indiretamente, pediu a renúncia de Koch, sinalizando em Berlim uma possível aliança com o FDP.
"Escorregão à esquerda"
Embora CDU, SPD e verdes tenham descartado qualquer tipo de cooperação com A Esquerda, o partido tem sido saudado como o grande vitorioso das atuais eleições. Para o presidente da Confederação da Indústria Alemã (BDI), Jürgen Thumann, este "escorregão à esquerda" lhe causa, no entanto, grande preocupação.
"A política deve parar de falar somente sobre justiça social e redistribuição de recursos", comenta Thumann. Por social, o presidente da BDI entende aquilo que traz postos de trabalho. Discussões sobre salários mínimos para diferentes categorias, por exemplo, prejudicariam as atividades econômicas da Alemanha, esclarece.
Ludwig-Georg Braun, presidente da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK), criticou políticos dos partidos estabelecidos por terem ajudado o partido A Esquerda através de "exigências populistas" como salários mínimos e limites para os salários dos managers. "Eu só os aconselho a não seguirem por este perigoso caminho." Isto prejudicaria o desenvolvimento econômico do país, explicou o presidente da DIHK.
Reações da imprensa às eleições
Para o diário Süddeutsche Zeitung, de Munique, o SPD saiu fortalecido: "Hessen pode se tornar algo como a enfermaria dos social-democratas. Aumentam os sinais de mudança: os bons tempos da CDU estão chegando ao fim, o SPD se fortalece novamente. Na medida em que o medo das eleições desaparece no SPD, ele se inicia na CDU – as lutas de direcionamento que o SPD teve de enfrentar chegam agora à CDU".
Para o vienense Der Standard, o grande vencedor em Hessen e na Baixa Saxônia é A Esquerda: "O partido conseguiu entrar em ambas as assembléias estaduais. Até agora, nos estados do Oeste, o partido estava somente presente em Bremen. Dietmar Bartsch, membro da executiva do partido, vê aí uma 'Ruptura para o Oeste'".
O diário Frankfurter Allgemeine Zeitung constata: "A eleição em Hessen serviu para decidir sobre a atratividade de posições conservadoras não somente na sociedade, mas também na própria CDU. Uma vitória absoluta da CDU não aconteceu em nenhum dos estados. Koch mostrou que uma polarização extrema prejudica a CDU, mas ajuda o FDP, e Wulff não conseguiu provar que outra estratégia teria sido melhor: na Baixa Saxônia, o SPD não é um concorrente para ser levado a sério". (ca)