Espanha afasta Mariano Rajoy e elege novo premiê
1 de junho de 2018O Parlamento da Espanha aprovou, nesta sexta-feira (01/06), por 180 votos a 169, a moção de censura que afasta o governo de direita liderado por Mariano Rajoy. Paralelamente elegeu Pedro Sánchez, líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), como novo presidente do governo.
Apesar de ocupar apenas 84 dos 350 assentos do Parlamento, a legenda socialista PSOE conseguiu reunir o apoio de 180 deputados, inclusive do Unidos Podemos (extrema-esquerda, com 67 votos), Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, separatistas, nove), Partido Democrático e Europeu da Catalunha (PDeCAT, separatistas, oito), Partido Nacionalista Basco (PNV, cinco), Compromís (nacionalistas valencianos, quatro), EH Bildu (separatista basco, com dois) e Nueva Canarias (nacionalista, com um voto).
O campo contra a moção de censura contou com 169 votos divididos entre os deputados do Partido Popular (PP, 134), Ciudadanos (direita liberal, 32), União do Povo de Navarra (UPN, regional, dois) e o Foro Asturias (regional, um voto). O único deputado da regional Coligação Canária se absteve.
A presidente do Congresso dos Deputados, Ana Pastor, transmitirá ainda nesta sexta-feira de forma oficial o resultado da votação ao rei da Espanha, Felipe 6º. Sánchez deverá tomar posse na segunda-feira e realizar o primeiro Conselho de Ministros do novo governo antes do fim da próxima semana.
Rajoy reconhece derrota antes de votação
Mariano Rajoy reconheceu a derrota e felicitou Sánchez antes mesmo do início da votação. "Podemos presumir que a moção de censura será adotada, tendo como consequência que Pedro Sánchez será o novo presidente do governo", disse o ex-presidente, num breve discurso.
Rajoy quis ser "o primeiro a felicitar" o líder do PSOE, apesar de não concordar com os argumentos que levaram os socialistas a propor a moção. "Foi uma honra deixar Espanha melhor do que a encontrei", disse, acrescentando esperar que Sánchez consiga fazer o mesmo.
Por seu lado, também antes da votação, o socialista agradeceu o apoio dos deputados à sua candidatura, afirmando que a assembleia escreveria "uma nova página na democracia do país" nesta sexta-feira.
A queda do executivo de Rajoy, que esteve seis anos à frente da Espanha, foi provocada depois de vários ex-membros do PP terem sido condenados a penas de prisão pela participação num esquema de corrupção que também beneficiou o partido.
O Ciudadanos retirou o apoio que até agora dava ao PP, mas recusou votar a moção de censura ao lado do PSOE e insistiu na antecipação das eleições legislativas.
Escândalo de corrupção
Em 24 de maio, a Justiça da Espanha revelou seu veredicto sobre um vasto esquema de corrupção envolvendo ex-funcionários do PP, que receberam propinas em troca de contratos públicos de alto valor, entre 1999 e 2005, em várias regiões do país, incluindo Madri.
O tribunal condenou 29 pessoas à prisão pelos crimes de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro no chamado julgamento de Gürtel, nome da operação policial que investigou o caso.
Entre os principais atores estão o ex-tesoureiro da legenda Luis Bárcenas, condenado a 33 anos de prisão, e o empresário Francisco Correa, considerado o líder do esquema, que recebeu uma pena de 51 anos.
O Partido Popular, como entidade jurídica, foi condenado a pagar cerca 245 mil euros por também ter se beneficiado de fundos ilícitos. Rajoy anunciou que a legenda, que perdeu a maioria absoluta no Parlamento há dois anos, vai recorrer da decisão.
A apresentar a moção de censura na sexta-feira passada, Sánchez declarou que o esquema de corrupção causou "indignação e alarme, e prejudicou a reputação da Espanha". Segundo o líder do PSOE, a resposta de Rajoy à decisão do tribunal foi "olhar para o outro lado".
PV/EK/afp/dpa/efe/rtr/lusa
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