EUA impõem sanções à vice-presidente da Nicarágua
28 de novembro de 2018Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira (27/11) novas sanções contra autoridades da Nicarágua pela violenta repressão aos protestos contra o presidente do país, Daniel Ortega. A medida atinge a vice-presidente e primeira-dama, Rosario Murillo, e o assessor de Segurança Nacional do país, Néstor Moncada Lau.
O Departamento do Tesouro dos EUA acusou Murillo e Lau de minar a democracia na Nicarágua, além de violar os direitos humanos e de corrupção. O governo americano afirmou ainda que ambos tentam influenciar Ortega.
As sanções, determinadas em ordem executiva assinada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, congelaram os bens de ambos sob jurisdição americana. A medida proíbe ainda cidadãos americanos de fazer negócios com os dois, que também serão impedidos de entrar no país.
Um funcionário do alto escalão da Casa Branca revelou que o governo americano espera "efeitos significativos" com as sanções.
O Departamento do Tesouro classificou Murillo como "copresidente" da Nicarágua e destacou a influência da primeira-dama sobre grupos que foram acusados de praticar violações aos direitos humanos, como sequestros, torturas e execuções extrajudiciais, durante os protestos registrados contra Ortega desde abril.
O secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, afirmou que o governo americano está comprometido em fazer o regime de Ortega prestar contas pela resposta aos protestos e pela corrupção que "derivou nas mortes de centenas de nicaraguenses inocentes".
"A vice-presidente e seus agentes políticos buscaram desmantelar sistematicamente as instituições democráticas e saquear a riqueza da Nicarágua para consolidar seu controle do poder", disse Mnuchin.
O governo americano acusou ainda o assessor de Segurança Nacional de Ortega de estar envolvido em casos de corrupção, extorsão e pagamentos de propina em benefício do presidente.
Fontes da Casa Branca disseram que as sanções são um "primeiro passo" contra o círculo mais próximo de Ortega e reiteraram a necessidade da convocação de eleições antecipadas na Nicarágua.
Em nota, o governo da Nicarágua rechaçou as sanções e condenou o que chamou de "continuidade história da ingerência e política intervencionista" dos Estados Unidos.
O país centro-americano enfrenta uma profunda crise sociopolítica, marcada por uma repressão violenta do governo em protestos contra o presidente, que já deixou centenas de mortos.
Os atos começaram em 18 de abril, motivados pelos planos de Ortega de reformar o sistema previdenciário do país, aumentando contribuições e reduzindo benefícios. O governo acabou voltando atrás, mas a repressão aos manifestantes provocou protestos ainda maiores.
Segundo dados da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), mais de 300 pessoas morreram e mais de 2 mil ficaram feridas nos protestos.
A Nicarágua vive a crise mais sangrenta da história do país em tempos de paz e a mais forte desde a década de 1980, quando Ortega também foi presidente (1985-1990). Há 11 anos no poder, ele enfrenta acusações de abuso e corrupção e afirmou que não pretende renunciar. Os opositores o acusam de ser um ditador e exigem que ele saia ou que haja eleições antecipadas.
CN/efe/rtr/ap
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