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Europeus reservados quanto a Kerry

rw29 de julho de 2004

Políticos e jornais alemães advertem para uma expectativa exagerada em relação à nomeação de John Kerry à candidatura presidencial nos Estados Unidos.

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John Kerry e seu candidato a vice-presidente, John EdwardsFoto: AP

Aos que acreditam em novas chances de aproximação entre os Estados Unidos e o "Velho Mundo" após a nomeação de John Kerry à candidatura presidencial norte-americana, políticos alemães advertem para expectativas exageradas. Ocupado com os graves problemas no Iraque, Washington está se isolando no cenário internacional.

Este afastamento deveu-se não só à invasão do Iraque, que chegou a provocar profundas cisões dentro da própria União Européia, em que países como a Alemanha e a França continuam se negando a enviar soldados ao Iraque. A posição da Casa Branca em relação a Israel, a negativa em respaldar programas globais de defesa do clima e a falta de apoio ao Tribunal Penal Internacional (TPI) também inquietam os europeus.

Segurança determina a política externa

Neste contexto, o chefe da diplomacia alemã, Joschka Fischer, advertiu que a eventual eleição do democrata Kerry possa causar mudanças substanciais nas relações transatlânticas. "As bases da política externa norte-americana estão definidas pelo 11 de setembro", assinalou o ministro alemão de Relações Exteriores.

"Não nos orientamos por algum resultado nas urnas. A iniciativa dos EUA por reformas no Oriente Médio e Norte da África e outros desafios regionais determinarão a política norte-americana. O Iraque, sem dúvida, está neste contexto. A questão é zelar por nossa segurança, aqui temos pontos de vista comuns", destacou. O presidente do Partido Verde alemão, Reinhard Bütikofer, que participa da convenção do Partido Democrata como observador, garantiu que a Alemanha manterá seu "não" ao envio de soldados ao Iraque, mesmo com uma eventual vitória de Kerry nas urnas.

Einigung auf Zuwanderungsgesetz Reinhard Bütikofer
Reinhard BütikoferFoto: AP

Para o embaixador da Alemanha em Washington, Wolfgang Ischinger, a eleição de Kerry não significaria a resolução automática dos problemas nas relações com os europeus. "É um sinal muito bom que os democratas queiram melhorar as relações com a Europa, mas a intenção apenas não basta." Ischinger destacou que as dificuldades não podem ser resumidas ao campo pessoal, pois "referem-se em grande parte a questões estruturais, como a falta de um grupo de contato formado por lideranças européias e americanas para coordenar uma política conjunta em relação ao Iraque".

Imprensa também cética

A imprensa alemã refere-se a Kerry de forma contida. O jornal Südkurier, de Constança, escreve que o candidato democrata quer agradar aos seus eleitores: "O desafiante John Kerry critica a política de Bush para o Iraque. Mas ele não questiona a pretensão de liderança dos Estados Unidos, pois senão já teria perdido a eleição. Ninguém na Europa deveria se iludir".

O Rheinische Post, de Düsseldorf, acha que, se a votação fosse na Alemanha, Kerry ganharia fácil. "Também o governo em Berlim aguarda com ansiedade mudanças na presidência em Washington. Mas não é certo se Kerry seria melhor que Bush para os alemães. Ao menos na política comercial o democrata deve se revelar um adversário ferrenho. Ele anunciou que vai revisar todos os acordos comerciais. Isto não é uma boa notícia para a economia alemã, voltada às exportações", conclui o diário.