Expedição Tsunami tenta prever as ondas gigantes
15 de novembro de 2005O navio alemão de pesquisas Sonne (Sol, em português), carregado com material e equipamentos de laboratórios que serão utilizados na construção de um conjunto de instrumentos que poderão prevenir futuras catástrofes, partiu na manhã desta terça-feira (15/11), do porto de Jacarta, na Indonésia. É o início da expedição Tsunami.
Além de montar dois sistemas experimentais TEWS (Tsunami-Early-Warning-System), a tripulação do Sonne fará trabalhos de manutenção de uma rede sismológica, instalada há cerca de um mês pelo Instituto Leibniz de Ciências Marinhas da Universidade de Kiel (IFM-GEOMAR), ao redor da ilha Simeulue.
A tecnologia
Segundo o geofísico Ernst Flüh, do IFM-GEOMAR, a tecnologia do TEWS baseia-se na medição das mudanças de pressão na água e no movimento do solo oceânico, causadas por ondas sísmicas, entre outros fatores.
"Os dados, então, são transmitidos acusticamente através da água até as bóias na superfície", complementa. Cobertas de sensores meteorológicos, elas estarão também equipadas com uma antena GPS (Sistema de Posicionamento Global), que medirá alterações do nível do mar.
As informações, a seguir, são passadas para satélites que enviarão, em tempo real, o aviso de possível formação de tsunami para os observatórios sismológicos nacionais e regionais. "Evitamos assim, os alarmes falsos", explica Flüh.
O principal desafio para os cientistas envolvidos no projeto é construir um sistema que funcione no meio do oceano com mau tempo e com as dificuldades de estar a seis mil metros de profundidade.
Made in Germany
Os dois sistemas de medição são o resultado do trabalho em conjunto do Centro de Pesquisas Geológicas de Potsdam (GFZ), Centro Nacional Alemão de Pesquisas para Geociências e Instituto Leibniz de Ciências Marinhas da Universidade de Kiel (IFM-GEOMAR).
Depois de concluído, o sistema de prevenção de tsunamis no Oceano Índico deverá ter um total aproximado de 250 estações de vigilância e observação. "É fundamental lembrar que os equipamentos são protótipos e, mesmo depois da instalação, a região continuará desprotegida contra tsunamis", alerta Flüh.
A previsão é que o sistema comece a operar em 2008. O governo alemão liberou uma ajuda de 45 milhões de euros para a instalação do sistema de alerta de tsunami no Oceano Índico.
Flüh desenvolveu um sismômetro especial para fazer medições no solo marinho (OBS). Cerca de 100 equipamentos desse tipo estão em operação em todo o mundo. A sua utilização é fomentada também pela União Européia, no âmbito das medidas de infra-estrutura. A invenção de Flüh já foi usada mais de 3,5 mil vezes, em mais de 20 expedições científicas, nos últimos dez anos.
Autor de mais de 100 publicações em revistas especializadas sobre medições sísmicas no solo marinho, Flüh publica um diário da expedição Tsunami, em alemão e inglês, num weblog da DW-WORLD (veja links abaixo).