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Festival de arte e mídia com senso crítico

Pascal Pfitzenmaier (sm)9 de fevereiro de 2005

O que significa liberdade de ação numa sociedade dominada pela tecnologia? O festival de arte e mídia transmediale.05 procura respostas. O evento é direcionado principalmente para artistas e teóricos de mídia.

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Pintura interativa na transmedialeFoto: transmediale.05

O programa da 18ª transmediale internacional, em Berlim, é tão ambicioso quanto abrangente. Com o título BASICS, o festival de mídia busca espaços de atuação em uma sociedade dominada pela tecnologia. O interesse central do evento é o fazer artístico com as mídias digitais.

Este ano, um dos três prêmios do festival foi conferido ao trabalho de vídeo Suburbs of the Voids, do artista alemão Thomas Körner. A obra mostra mais de duas mil fotos de uma câmera de vigilância eletrônica do trânsito que o artista extraiu da internet e montou em um vídeo.

A americana Camille Utterback ganhou um prêmio pela instalação interativa Untitled 5, que projeta os movimentos dos visitantes na parede, criando uma pintura a partir das imagens. Este trabalho mostra de forma quase didática as interfaces entre arte, técnica e observador.

transmediale.05 Gravicells
Gravicells - Gravity and Resistance, Seiko Mikami, transmediale.05Foto: Jonathan Gröger

O outro prêmio foi conferido à dupla de artistas austríacos Emanuel Andel e Christian Gützer, cuja instalação Shockbot Corejulo transforma um computador em hacker de si mesmo: um braço de robô recebe comandos de um computador que o instrumentaliza para gerar curtos-circuitos no interior do próprio computador. As imagens veiculadas são deformadas por interferências, até que o sistema entra em pane.

Potencial de resistência

O júri da transmediale, composto por artistas e teóricos de mídia de todo o mundo, não esconde sua preferência: obras que superem os limites entre arte e tecnologia e ao mesmo tempo veiculem uma certa crítica social. O festival quer tornar visíveis e apreensíveis os limitados espaços de atuação de uma sociedade tecnologizada. Ao mesmo tempo, a idéia é buscar soluções de forma lúdica.

É por isso que uma boa parte dos trabalhos expostos no Haus der Kulturen der Welt (Casa das Culturas do Mundo) é interativa. O americano James Patten desenvolveu um instrumento que permite ao visitante ou potencial freguês escanear as mercadorias das prateleiras do supermercado. Só que o aparelho reage ao grau de consciência ecológica e de integridade do fabricante. O título do trabalho é Corporate Fallout Detector. Outros trabalhos abordam a liberdade do indivíduo no espaço público.

Plataforma de Arte e Mídia

Transmediale
Usman Haque, Sky Ear, transmediale.05, performanceFoto: Transmediale

A exposição é acompanhada por um programa bastante abrangente. Mesas-redondas, palestras, filmes e workshops sobre biotecnologia, tecnologias de segurança e história da arte e mídia. O público-alvo é de artistas, teóricos de mídia e leigos interessados. O amplo espectro de eventos em torno da exposição revela que a especificidade dos objetos da exposição requer explicações paralelas.

A transmediale já se estabeleceu como a maior e mais importante plataforma de arte e mídia da Alemanha. No contexto internacional, ela concorre com a Ars Electronica, na cidade austríaca de Linz, e o Festival Holandês de Arte Eletrônica, em Roterdã. Apesar do crescente número de visitantes (em 2004 foram 30 mil) e da tendência interdisciplinar do evento, a transmediale continua sendo um festival para iniciados.