"Foi caótico, todo mundo estava tentando sair"
23 de maio de 2017Testemunhas e sobreviventes relataram momentos de pânico após a explosão, que deixou 22 mortos e mais de 50 feridos ao fim do show da cantora americana Ariana Grande, na noite de segunda-feira (22/05), em Manchester. Entre os mortos há várias crianças e adolescentes. O ataque – aparentemente suicida – está sendo tratado como terrorista pela polícia britânica.
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"As luzes já estavam acesas, portanto sabíamos que não fazia parte do show", disse Erin McDougle, de 20 anos.
Então a confusão deu lugar à desorientação, que, por sua vez, se transformou em caos. Testemunhas descreveram milhares de pessoas correndo para a saída mais próxima da arena e pisoteando outras.
"Todos estavam em grande estado de pânico, chamando uns aos outros. Alguns tinham ido ao banheiro enquanto isso aconteceu, por isso era tudo extremamente perturbador para todos lá", relatou Majid Khan, de 22 anos, ao diário britânico The Guardian. "Todo mundo do outro lado da arena, de onde o estrondo foi ouvido, de repente veio correndo em nossa direção."
Segundo informações preliminares, a explosão ocorreu num foyer da arena, próxima ao estande de merchandising.
Khan relatou que a multidão forçou sua saída para a rua Trinity Way, do lado oposto de onde ocorreu a explosão, mas as portas ainda estavam bloqueadas. "Todos estavam correndo para qualquer saída que pudessem encontrar o mais rápido possível."
Khan esteve com sua irmã no show da estrela pop Ariana Grande – popular em meio a um público majoritariamente adolescente, depois de alcançar notoriedade no canal infantil Nickelodeon.
"Vimos meninas cobertas de sangue, todo mundo estava gritando e as pessoas estavam correndo, havia fumaça. Nós estávamos saindo e quando estávamos bem perto da porta houve uma explosão maciça e todo mundo começou a gritas", relatou Catherine Macfarlane à agência de notícias Reuters. "Foi uma explosão enorme. Você podia sentir ela em seu peito. Foi caótico, todo mundo estava correndo, gritando e tentando sair."
A escocesa Abby Mullen escreveu em sua conta no Facebook que ela deixou a arena "poucos segundos" antes do fim do show na esperança de escapar de uma longa espera por um táxi. A explosão ocorreu a poucos metros dela. "Esse som, o sangue e aqueles que estavam correndo atordoados com partes do corpo e pedaços de pele faltando não vão deixar minha mente tão rapidamente."
Mullen postou uma fotografia com sangue em seu cabelo. "Entendo que essas imagens possam ser perturbadoras, no entanto, sinto que é preciso mostrar às pessoas o quão cruel este mundo realmente é", escreveu.
Dentro da arena, as pessoas inicialmente conjecturaram se a explosão se tratava de balões ou até o estouro de um amplificador. Mas do lado de fora da arena, que tem capacidade para 21 mil pessoas, a escala de emergência ficou clara rapidamente. A explosão foi sentida no bairro, com testemunhas relatando fumaça saindo das entradas do local. Joe Gregory, estacionado próximo à arena enquanto esperava para pegar sua namorada e sua irmã, capturou o momento do impacto com a dashcam no carro.
O chefe da polícia da Grande Manchester, Ian Hopkins, disse que as autoridades acreditam que o incidente foi perpetuado por um homem. O agressor – possivelmente suicida – morreu com a explosão causada por um dispositivo caseiro. A polícia ainda está averiguando se ele teve cúmplices. Hopkins comunicou também que ainda não havia informações sobre o indivíduo que detonou o dispositivo e classificou a explosão como "o incidente mais horrível" que a cidade de Manchester já enfrentou.
"Essa eram crianças e jovens e suas famílias que os responsáveis escolheram aterrorizar e matar", disse o prefeito de Manchester, Andy Burnham. "Este foi um ato diabólico." E a ministra britânica do Interior, Amber Rudd, classificou o incidente de "um ataque bárbaro, deliberadamente visando alguns dos mais vulneráveis em nossa sociedade – jovens e crianças num show pop."
PV/efe/rtr/ots