Governo alemão luta contra impopularidade
30 de agosto de 2006A chanceler federal Angela Merkel decidiu partir para o ataque na tentativa de conter a queda de popularidade da coalizão que governa o país (CDU/CSU–SPD) há nove meses. Em entrevista coletiva nesta terça-feira (29/08) ao lado do vice-chanceler Franz Müntefering (SPD), ela afirmou que o governo está determinado a trabalhar duro para a aprovação de reformas, mesmo as mais polêmicas e eventualmente impopulares.
Merkel ressaltou que a recente recuperação dos indicadores econômicos e as perspectivas favoráveis – projeções dão conta de que a economia alemã crescerá 2% este ano – fazem com que o ambiente seja mais apropriado para a implantação de uma série de mudanças necessárias ao crescimento do país.
"Não podemos nos acomodar em virtude dos indicadores econômicos positivos, porque há ainda muito o que ser feito. Mas eu acredito que o fato de a economia estar crescendo vai ajudar a resolver os problemas de uma maneira mais suave do que se os indicadores fossem desfavoráveis", observou a chanceler federal.
Discordâncias internas
A popularidade da coalizão governista nunca esteve tão baixa e os índices de aprovação já caíram dez pontos porcentuais desde as eleições. Segundo especialistas, a crise pode ser creditada a disputas internas dentro do governo e a decisões políticas freqüentemente vistas pelo público como tímidas e insuficientes para solucionar graves problemas estruturais, principalmente nas áreas tributária, da saúde e previdência.
Entre as prioridades da agenda governista está uma reforma tributária cujo principal objetivo é fortalecer as pequenas e médias empresas. A chanceler federal também anunciou um esforço para levar adiante a polêmica reforma da saúde, a despeito de uma verdadeira onda de criticismo por parte de diversos grupos que atuam no setor.
A introdução de pisos salariais para algumas categorias de trabalhadores também está entre as prioridades do governo, assim como um substancial aumento dos investimentos públicos nos setores ligados ao desenvolvimento de tecnologias de ponta.
Decisões polêmicas
Merkel admitiu a jornalistas que o ceticismo dos alemães em relação à coalizão governista tem crescido. Segundo ela, decisões difíceis como o aumento da idade de aposentadoria (67 anos para homens), a elevação da alíquota do imposto sobre valor agregado e a abolição de uma série de benefícios fiscais são os principais fatores responsáveis pelos baixos índices de aprovação do governo.
Porém, para ela, as decisões foram necessárias e contribuíram para sanear as finanças públicas e melhorar os prognósticos para a economia. De acordo com a chanceler federal, esses avanços ainda não influenciaram positivamente a opinião pública em relação ao governo.
'Panos quentes'
Franz Müntefering, por sua vez, rebateu as críticas de que a coalizão não estaria funcionando devido às constantes discordâncias entre membros da CDU e do SPD. "Todos os membros do governo, independentemente de partidos, sabem que estamos buscando os melhores resultados, apesar de eventuais disputas internas", afirmou o líder social-democrata.
Merkel e Müntefering informaram aos jornalistas que os dois partidos vão tentar chegar a um consenso em torno da reforma da previdência. Eles também comentaram o acordo dentro da coalizão sobre a rápida criação de um banco de dados em nível nacional com informações sobre suspeitos de terrorismo.
A chanceler federal reafirmou ainda a disposição do governo em oferecer uma contribuição de peso para os esforços de paz no Líbano, destacando que a ajuda humanitária alemã para a região será aumentada.