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Combate a piratas

Agências (rw/rr)10 de dezembro de 2008

Governo alemão aprova participação na missão da UE contra piratas na costa da Somália. Mandato de um ano permite que soldados usem armas.

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Soldados alemães operam no Golfo de Aden no âmbito da missão Enduring FreedomFoto: AP

Pela primeira vez em sua história, a Marinha alemã atuará no combate internacional à pirataria. O gabinete de governo alemão aprovou nesta quarta-feira (10/12) a participação da Bundeswehr na missão Atalanta da União Européia (UE) diante da costa da Somália com até 1.400 soldados e uma fragata. Entretanto, deverão ser enviados, a princípio, apenas algumas centenas de soldados.

A decisão final ficará por conta do Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemão, que decidirá a respeito em 19 de dezembro próximo. O mandato permite o uso de armas e deve valer até 15 de dezembro de 2009.

A UE deu início à missão, equipada com seis navios de guerra e três aviões de reconhecimento, na última segunda-feira. Além da Alemanha, fazem parte pelo menos sete outros países europeus. O comando da operação está nas mãos do Reino Unido. A área de operação compreende até 500 milhas marítimas diante da costa da Somália e países vizinhos.

Fragata alemã está nas proximidades

Fregatte Karlsruhe
Fragata KarlsruheFoto: picture-alliance/dpa

A fragata alemã Karlsruhe já se encontra no Golfo de Aden, onde atua no âmbito da missão Enduring Freedom (Paz Duradoura). Em caso de luz verde do Parlamento alemão, ela pode deslocar-se imediatamente à área de atuação da UE.

Além de poderem usar armas para afastar ou deter piratas – segundo decisão tomada na segunda-feira (8/12) pelos ministros das Relações Exteriores da União Européia – os soldados também poderão ser estacionados em navios ameaçados, como embarcações que transportam ajuda humanitária, disse o vice-almirante britânico Philip Jones.

Em casos de terem causado danos a navios ou cidadãos alemães, os supostos piratas serão julgados na Alemanha. Nos demais casos, serão extraditados aos países que queiram processá-los.

Alemanha quer segurança para mercadorias que exporta

Ulrich Wilhelm, porta-voz do governo em Berlim, disse que a prioridade da missão na costa da Somália é a proteção das remessas de ajuda humanitária. Um terço da população somali depende deste tipo de ajuda, que em 90% dos casos chega pelo mar, assinalou.

Além disso, estará sendo assegurada "uma das principais rotas comerciais do mundo" e, como nação exportadora, a Alemanha tem grande interesse na segurança deste caminho, disse Wilhelm. A rota é considerada a principal ligação marítima entre a Europa, a península árabe e a Ásia.

Segundo dados da Câmara Internacional de Comércio da Alemanha, a rota é cruzada por 25 mil navios a cada ano. Em 2008, cerca de 100 embarcações comerciais e privadas foram assaltadas por piratas.

Proteção a navios de cruzeiro

Kapitän der MS Columbus fliegt Passagiere aus
Capitão do MS Columbus evacuou passageiros para evitar riscosFoto: picture-alliance/ dpa

A rota também é uma importante via para navios turísticos. Temendo a ação de piratas, o navio de cruzeiro MS Columbus, da Hapag-Lloyd, desembarcou nesta quarta-feira todos os seus passageiros no Iêmen para atravessar o Golfo de Aden vazio. O governo alemão havia rejeitado escoltar o navio porque ele não está sob bandeira alemã.

O diretor da Associação Alemã de Turismo, Hans-Gustav Koch, disse não ser grande o número de navios de cruzeiro nesta rota, por isso "uma escolta pela Marinha não seria má".

O encarregado de assuntos militares no Bundestag, Reinhold Robbe, disse à emissora N24, que o problema da pirataria não pode ser combatido com os meios previstos pela missão da UE.

Segundo ele, é preciso procurar as causas do problema e exigir que a Somália as combata, para que sua população volte a ter uma perspectiva. "Caso contrário, temo que esta missão não faça sentido", disse Robbe.