Refém alemão
1 de agosto de 2007O primeiro vídeo que mostra o refém alemão Rudolf B., de 62 anos, em poder do Talibã no Afeganistão desde 18 de julho, foi exibido pela emissora de televisão árabe Al Jazeera nesta terça-feira (31/07).
No vídeo, a voz do engenheiro é quase inaudível. Ele aparece cercado de homens encapuzados apontando armas em sua direção, numa região montanhosa. Segundo o apresentador da emissora, o refém pede que a Alemanha e os Estados Unidos retirem suas tropas do Afeganistão e que a Alemanha ajude a salvar sua vida e garantir que volte para casa e para sua família.
Vídeo foi gravado há dias
De acordo com a Spiegel Online, as imagens teriam sido gravadas há pelo menos quatro dias, segundo as avaliações preliminares feitas pelo Ministério das Relações Exteriores da Alemanha. O vídeo enviado à Al Jazeera estava gravado em um pen-drive, e a última alteração registrada no arquivo data do dia 28 de julho.
Especialistas da força-tarefa de emergência encarregada de negociar a libertação identificaram que o refém vestia uma jaqueta enviada para ele no fim da semana passada, através de um negociador, pela embaixada alemã em Cabul.
Apesar das exigências políticas dos seqüestradores, o governo alemão, segundo a Spiegel Online, continua tratando o caso como um seqüestro criminoso. O governo acredita que o grupo de seqüestradores tenha ligações com o Talibã, mas não pertenceria à ala radical do grupo.
Instrumento de intimidação
Julia Gross, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, reforçou que a força-tarefa em Berlim está trabalhando de forma incansável pela libertação. Segundo ela, especialistas continuam analisando o vídeo em busca de novas informações.
Segundo o jornal Frankfurter Allgemeine, com a divulgação do vídeo, os seqüestradores aumentam a pressão sobre o governo alemão. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores em Berlim, Martin Jäger, considerou o vídeo um "documento divulgado com o objetivo específico de intimidar".
Nas imagens, segundo a Spiegel Online, o engenheiro aparece exausto, intimidado, amedrontado e com o rosto vermelho. O vídeo também mostra quatro afegãos tomados reféns junto com o alemão. Eles pedem ao governo afegão que atenda às exigências dos seqüestradores.
Sul-coreanos ainda reféns
O telejornal Tagesschau ressaltou que a divulgação das imagens aumenta ainda mais a pressão sobre o presidente afegão, Hamid Karsai, que tenta negociar a libertação dos sul-coreanos seqüestrados pelos talibãs.
Dos 23 sul-coreanos tomados reféns no dia 19 de julho – um grupo de voluntários cristãos, 18 dos quais mulheres –, dois foram assassinados pelos seqüestradores. O corpo da segunda vítima, de 29 anos, foi encontrado com um tiro na cabeça horas antes da divulgação do vídeo.
Na manhã desta quarta-feira, expirou o último prazo dado ao governo afegão pelos seqüestradores, que exigem a libertação de oito presos talibãs. Uma autoridade local de Ghazni, província onde ocorreu o seqüestro, confirmou que eles ainda estão vivos. Uma operação seria deslanchada ainda nesta quarta-feira para tentar libertar o grupo.
Famílias de reféns pedem ajuda aos EUA
As famílias dos sul-coreanos apelaram aos Estados Unidos para que intercedam nas negociações, entregando cartas a representantes da embaixada norte-americana em Seul.
O estado de saúde do engenheiro alemão, que na semana passada foi anunciado como grave pelos seqüestradores, parece ter melhorado, segundo relatos de oficiais afegãos que participam das negociações por sua libertação. Diabético, Rudolf B. teria recebido os medicamentos de que necessitava.
Os engenheiros Rudolf B. e Rüdiger D. foram seqüestrados na região de Jagato, a sudoeste de Cabul, um dia antes do rapto do grupo sul-coreano. Rüdiger, que tinha 50 anos, foi encontrado morto poucos dias depois, com ferimentos de bala no corpo. (jc)